Deu no ‘NY Times’: Professora carioca cria ‘kit de abraços’

No ano letivo marcado pela covid-19, professora sentiu que precisava fazer algo a mais para estimular os estudantes

29/12/2020 18:42

O ensino remoto pode ter sido a única maneira de passar conteúdo aos estudantes neste ano, mas não foi capaz de reproduzir a sensação de proximidade, afeto e cumplicidade gerada em sala de aula. A professora carioca Maura Cristina Silva, de 47 anos, decidiu contornar essa situação criando o “kit de abraços”, e acabou virando notícia no “New York Times”.

Cristina Silva é professora em Padre Miguel, na zona oeste do Rio de Janeiro, lugar no qual uma parcela relevante de estudantes é desprovida da estrutura mínima –acesso à internet e plataforma adequada aos estudos– para acompanhar o ensino. Muitos ficaram para trás.

A professora carioca Maura Cristina Silva e o “kit de abraços”
A professora carioca Maura Cristina Silva e o “kit de abraços” - Reprodução/NY Times

Necessária devido à pandemia do novo coronavírus, a aula a distância não foi o único desafio dos professores neste ano. Apesar de estarem conectados com os alunos por meio de computadores, celulares e tablets, o distanciamento físico deixou as suas marcas.

Ela percebeu que, aos poucos, o desânimo passou a ser cada vez mais frequente nas aulas a distância. Assim surgiu a ideia do “kit de abraços”.

Kit de abraços

Kit de abraços: um conjunto de capa de chuva, máscaras faciais, luvas cirúrgicas e álcool em gel
Kit de abraços: um conjunto de capa de chuva, máscaras faciais, luvas cirúrgicas e álcool em gel - Luisella Planeta Leoni/Pixabay

Em um primeiro momento, com um caminhão de som passeando pela vizinhança, a professora usou uma cortina de chuveiro com “mangas” de plástico. A higienização do apetrecho, no entanto, se mostrou pouco prática.

Então, o kit se transformou em um conjunto de capa de chuva, máscaras faciais, luvas cirúrgicas e álcool em gel.

“A distância não pode destruir o que construímos”, disse a professora ao “NY Times”. “Eu precisava mostrar a eles que nossos laços ainda estão vivos, mesmo que eu não seja capaz de segurá-los todas as manhãs.”

Em 2021, esperamos que a iniciativa de Cristina Silva fique obsoleta e viva apenas na memória afetiva dos alunos.