Justiça proíbe governo de atacar a dignidade de Paulo Freire
Patrono da Educação faria 100 anos em 2021
Uma liminar da Justiça Federal do Rio de Janeiro proíbe que a União pratique ato institucional atentatório a dignidade do professor Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira.
A decisão chega no mês do centenário do educador, que nos últimos anos se tornou alvo de bolsonaristas e do próprio Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo o Movimento Nacional de Direitos Humanos, agentes do governo federam agem “com falas ofensivas e em contraposição ao pedagogo ser Patrono da Educação”.
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“O Presidente da República já defendeu, em seu plano de governo, ‘expurgar a filosofia freiriana das escolas’ e o mentor intelectual do presidente, o ideólogo de direita Olavo de Carvalho, também ataca o legado de Freire”, diz um trecho do documento obtido pelo site Metrópoles.
Paulo Freire
A vida e a obra de Paulo Reglus Neves Freire foram marcadas por sua clara opção a favor dos oprimidos. Nascido em uma região pobre do país – Recife, Pernambuco, em 1921 – ele pôde, desde cedo, observar as dificuldades de sobrevivência das classes desfavorecidas. Talvez daí tenha vindo a sua indignação contra as injustiças e seu grande desejo: a transformação da sociedade que, segundo ele, devia ser menos autoritária, discriminatória e desigual.
A sua prática na educação, ou sua práxis educativa, como ele preferia chamar, foi sempre coerente com o seu sonho de democracia, desde os tempos de professor de escola, até aqueles em que passou a criador de ideias e “métodos”, os quais assistiu serem reconhecidos e divulgados pelo mundo.
De acordo com a Google Scholar – ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica –, o educador, pedagogo e filósofo brasileiro, Paulo Freire, é o terceiro pensador mais citado do mundo em trabalhos acadêmicos de universidades de humanas.
A pesquisa, realizada pelo professor Elliot Green, indica que o brasileiro foi mencionado 72.359 vezes. O filósofo Thomas Kuhn está em primeiro lugar, com 81.311 citações, e logo em seguida o sociólogo Everett Rogers, com 72.780.
A obra de Freire, “Pedagogia do Oprimido”, está entre os 100 livros mais solicitados em universidades de língua inglesa pelo mundo, sendo a única brasileira a entrar na lista. O livro discute a contradição entre opressores e oprimidos e de como é necessário criar uma ação para solucionar essa oposição.
O teórico da educação, portanto, não é referência só no Brasil. É reconhecido internacionalmente e já foi homenageado com ao menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa por diversas universidades, além de ter recebido prêmios como, por exemplo, o Educação pela Paz da Unesco.
Paulo Freire morreu no dia 2 de maio de 1997, aos 75 anos, em São Paulo.