Mostra Novíssimo Cinema Brasileiro chega à quinta edição no Cinusp

Programação evidencia participação feminina no cinema nacional

22/02/2016 17:22

O Cinusp exibe a quinta edição da mostra Novíssimo Cinema Brasileiro com o desafio de reconhecer as tendências recentes do cinema nacional. A programação, composta por 17 filmes, quatro pré-estreias e quatro debates, acontece até 13 de março, com entrada Catraca Livre, em duas salas de exibições, uma na Cidade Universitária e outra no Centro Universitário Maria Antônia.

Os trabalhos selecionados para esta edição destacam não apenas as mulheres personagens, que protagonizam grande parte dos filmes dessa curadoria, mas também as diretoras, as atrizes, as fotógrafas, montadoras, roteiristas, produtoras etc.

“Loucas pra casar”, maior bilheteria do cinema nacional em 2015, tem uma sessão especial seguida de debate com a pesquisadora e crítica Ilana Feldman e com a professora e pesquisadora Esther Hamburger. Demonstrativo de uma enorme aceitação de protagonistas femininas pelo público, além das esperadas gags, o filme traz uma reviravolta no final, chacoalhando um pouco as próprias bases pelas quais ele constrói seu humor.

“Que horas ela volta?”, escrito e dirigido por Anna Muylaert, transita entre o drama e a comédia e retoma temas caros ao cinema brasileiro, como a estrutura de classes e as mudanças sociais. A produção conta com a presença de mulheres como condutoras tanto da narrativa como da equipe técnica – diretora, diretora de fotografia, técnica de som, montadora, entre outras.

Aproveitando-se do debate político sobre o aborto presente e intenso no momento de seu lançamento, “Olmo e a gaivota”, de Petra Costa e Lea Glob, apostou em uma divulgação ostensiva e polêmica relacionando-o ao tema. Curiosamente o filme não trata diretamente de aborto, sendo sua principal questão a gravidez de uma atriz.

“O Touro”, longa-metragem de estreia da diretora Larissa Figueiredo, aborda temas que extrapolam o cotidiano documental e alcançam a fantasia, o mito e o sincretismo religioso.

“A misteriosa morte de Pérola” trabalha com a tensão entre o cinema de horror e a diluição dos elementos de gênero, numa narrativa que é antes atmosférica que dramática, mas que funciona como produto (assustador) final.

“Califórnia”, primeiro longa de ficção de Marina Person, formada em Cinema na USP, é mais uma obra em que uma diretora se lança a contar a história de uma personagem feminina, uma adolescente de 17 anos em processo de autodescobrimento. A trama é carregada de influências musicais da juventude dos anos 80. Uma das sessões do filme contará com a presença da diretora e dos atores para uma conversa com o público.

Já o documentário “Cativas — presas pelo coração” aposta em uma abordagem que transita entre o kitsch e o afetuoso, ao acompanhar de perto o cotidiano de visitas e as limitações do relacionamento de namoradas, esposas e companheiras de presidiários.

A presença feminina gera desdobramentos também em produções não protagonizadas por mulheres. Em “Casa grande”, de Fellipe Barbosa, as personagens femininas questionam os privilégios dos homens e influenciam o protagonista com relação a gênero e sexualidade, e também sobre raça e classe.

A mostra contará também com as pré-estreias dos filmes “Garoto”, de Julio Bressane; “Para Minha Amada Morta”, longa de estreia de Aly Muritiba; “Ato, atalho e vento”, de Marcelo Masagão; e “Zoom”, de Pedro Morelli.

Confira a programação completa aqui.

Mulheres no cinema

Em números absolutos a participação feminina na direção do cinema nacional deixa a desejar, representando apenas 14,8% dos filmes em 2015, de acordo com dados divulgados pela ANCINE. Houve, entretanto, um aumento de 1,6% na participação em relação ao ano anterior. Além disso, a relevância na crítica e o desempenho no mercado de muitos desses títulos fez das diretoras mulheres responsáveis por 20% da bilheteria nacional. Ou seja, filmes dirigidos por mulheres tiveram, em média, um resultado de público 44% maior do que o dos homens.