Plataforma do Letramento reúne os sotaques do português
Diferentes sotaques e variantes linguísticas do português são reunidas em um banco de oralidade em que as próprias pessoas podem mandar registros em vídeo.
Registrar os diferentes sotaques de português de nove países em um banco público para todos terem acesso à diversidade da oralidade dessa língua em um infográfico interativo.
Esse é a proposta da Campanha Oralidade: Variações e Sotaques, promovida pela Plataforma do Letramento. A iniciativa consiste em recolher vídeos com histórias engraçadas.
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Para participar os interessados podem gravar um vídeo de cinco minutos para contar uma história engraçada que tenham vivenciado, publicar no YouTube, preencher o formulário (clique aqui) e enviar o link do vídeo gravado.
A captação e os estudos dos sotaques do português
Márcia Coutinho, coordenadora da Plataforma do Letramento e mestre em comunicação e educação, explica que os vídeos precisam seguir os valores da organização.
A ideia de compartilhar uma história divertida é que a pessoa fala um pouco de um momento com emoção e memória afetiva, facilitando assim a captação de sotaques, as diferentes formas de se falar e até traduziria melhor a organização da oração em cada depoimento.
“O jovem consegue entender que a língua é viva e tem suas variantes. Essa língua tem relação com a cultura do povo e está dentro de um processo histórico”, opina.
Uma comunidade de referência para educadores e professores
Iniciada no início de 2015, a campanha é gratuita e voluntária. Realizada pela Plataforma do Letramento, uma parceria entre o Cenpec e Fundação Volkswagen.
A ideia é criar uma comunidade de referência para educadores, professores, gestores e demais profissionais que têm se dedicado a assegurar o direito ao pleno acesso ao mundo da escrita para todos os brasileiros.
Márcia explica que a ação surgiu para ajudar na construção colaborativa de um infográfico interativo: “A plataforma tem esse objetivo de ser um espaço para reflexão e colaboração sobre o tema de letramento e resolvemos desenvolver três infográficos.”
Diz ainda: “Um será sobre oralidade e sotaques, com previsão para lançamento em outubro, outro é direcionado a práticas de leituras na escola, previsto para próximo mês e, por último, a leitura da imagem, sem data definida”. Apenas o infográfico de oralidade contará com a participação da população que poderá enviar os vídeos.
Um banco de oralidade aberto e democrático
A mestre em comunicação e educação comenta que são três grandes focos: criar um banco de oralidade aberto e democrático a alunos e professores como um material de apoio, ressignificar esses diferentes sotaques e trabalhar algumas variantes linguísticas estigmatizadas usadas por uma população excluída das escolas.
Já o professor Carlos Alberto Faraco, especialista em linguística e docente da Universidade Federal do Paraná (UFPR), comenta em vídeo sobre a importância de se construir um banco público de oralidade. Em sua opinião, todas as línguas humanas variam muito em sua expressão. E com o português não é diferente.
“Há várias formas de se falar, em diferentes espaços. Nós não temos registro de toda essa variação e seria muito bom ter em vídeo das pessoas das partes do Brasil, contando histórias, para acostumar nosso ouvido para essa variedade, conhecê-las”.
Ele ainda ressalta que esse material está presente em algumas universidades registradas apenas em áudios resultado de pesquisas acadêmicas. “Vai trabalhar contra o preconceito linguístico, que ainda é arraigado entre nós”.