Quem disse que falar um novo idioma não é para qualquer um?

 

Assim como muitos brasileiros, comecei a ter meu primeiro contato com um novo idioma em aulas de inglês na rede pública de ensino quando ainda era adolescente.

Naquela época, não fazia sentido para mim aprender uma nova língua, afinal somos brasileiros, falamos português, e aprender o português já é difícil o bastante (risos)!

Então ia às aulas, mas nunca conseguia sair do “the book is on the table” e daquele basicão que estamos acostumados a aprender. E via que a grande maioria dos amigos da época também estudavam um novo idioma por imposição, e não porque dispunham de um objetivo.

Dessa forma, todos nós terminamos nosso ensino fundamental e médio, esquecemos tudo aquilo que aprendemos, e nos vemos falando coisas como: “Não nasci com o dom de falar outros idiomas!” ou “Aprender uma nova língua não é para mim!”.

O tempo passa, a rotina invade a nossa vida, começamos nossos estudos universitários, realizamos estágios, começamos a trabalhar, vivemos na nossa caixinha, buscando crescer e viver uma vida melhor… Aprender um novo idioma se torna algo completamente desnecessário em nosso dia a dia!

Filipe Moreira, vlogueiro do Canal Cidadão do Mundo no YouTube, passou muitos apertos no aprendizado de novos idiomas, e hoje compartilha aqui no Catraca um pouquinho de suas experiências desta saga, e afirma: Aprender um novo idioma É SIM para qualquer um! Dá um olhada!

Até que um dia…

Em uma conversa com amigos ainda em minha época de faculdade, mencionei que tinha o sonho de conhecer outros lugares e países, e quem sabe até morar fora. Como não tinha nenhum conhecimento de outras línguas, imaginava não ir tão longe, quem sabe até o sul do Brasil já seria suficiente. Foi então que tive conhecimento dos então processos de imigração canadenses, e de oportunidades de morar no Canadá.

Naquele momento, um sonho surgiu: morar fora pode ser uma realidade, mas… Eu não sei falar nenhum idioma além do português!

Já que temos um objetivo, vamos estudar essa tal língua estrangeira!

Bom, só havia uma maneira de imigrar para o Canadá, aliás, duas! Ou eu aprendia inglês, para buscar viver em alguma província anglófona, ou aprendia francês, para viver no Québec ou em alguns outros poucos lugares francófonos no Canadá.

É CLARO que optei por voltar a estudar inglês, para buscar imigrar para alguma província de língua inglesa, afinal, mesmo que meu inglês ainda fosse “capenga”, eu ainda me recordava de como contar de 1 à 100 em inglês (risos)!

Mas como toda alegria de pobre dura pouco, após buscar conhecer um pouco os processos de imigração canadense, percebi que eu não possuía o perfil profissional adequado para ir para províncias falantes da língua inglesa.

Para onde ir nesse tal Canadá?

Buscando compreender o que era preciso para que eu pudesse imigrar para o Canadá, e ir morar no Québec, vi que não me bastaria aprender o francês, mas também teria que continuar aprendendo inglês, pois senão eu não teria pontuação suficiente para ser aprovado pela imigração canadense. Eita canseira…

O que era difícil, agora parecia inalcançável

O fato é que comecei a estudar intensivamente ambas as línguas, o inglês e o francês, pois aquele sonho de morar no Canadá de alguma forma me impulsionava a lutar por algo que era praticamente impossível para mim: falar um novo idioma.

O objetivo primário em minha mente não era aprender inglês ou francês, mas sim imigrar para o Canadá. Aprender estes idiomas era apenas um meio secundário para chegar ao meu objetivo.

Fiz cursos das duas línguas de segunda à sexta-feira por 1 ano, e apesar de bastante cansativo, comecei a notar que eu começava a “bater papo” em inglês, e a “me virar” no francês.

Era uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo me trazia um aprendizado ainda mais rico do que a própria constatação que eu começava a aprender um novo idioma:

Aprender um novo idioma pode ser mais fácil, se o objetivo for outro

Naquele exato momento percebi o quão benéfico foi para mim ter o aprendizado das línguas como um objetivo secundário, e ter um objetivo maior que me impulsionava a ir para as aulas todos os dias e tentar compreender àquelas línguas que pareciam até então impossíveis de aprender.

Mesmo alcançando um nível mais confortável no inglês e no francês após algum tempo estudando estas línguas, eu sabia que precisava de uma motivação externa para me manter seguindo em frente, refinando e rebuscando tudo o que aprendia para futuramente conseguir me comunicar bem nestes idiomas. E então, finalmente entrei no processo de imigração canadense!

Mesmo com bastante esforço, você pode (e vai) perceber que ainda não é suficiente

Fiz então uma viagem de prospecção para Montréal, para conhecer de perto a cidade na qual tinha a intensão de residir assim que conquistasse este sonho de morar fora do Brasil. Por lá, usa-se ambas as línguas de uma forma muito engraçada e interessante.

As pessoas nos cumprimentam com um “Bonjour Hi”! Se você responder “Bonjour!”, a conversa continua em francês. Se você responder “Hi”, em inglês.

Tudo é MESMO em inglês e francês por lá!

Até este momento, já estudava estes idiomas há pelo menos 1 ano e meio intensivamente, e antes da viagem imaginei: “Bom, já que estou me sentindo confortável em minhas aulas e estou até me arriscando em algumas conversas nestas línguas, visitar Montréal vai ser mole!”.

A viagem foi ótima, me virei muito bem em ambas as línguas, mas confesso que tive sim momentos de aperto! Houve um momento em que, inclusive, pedi para um senhor repetir três vezes algo que foi dito em francês, e nenhuma delas pude discernir o que ele disse.

Ele também não falava inglês, então fiquei sem entender… Momentos como este nos geram um falso positivo de expectativa. Imaginamos que, mesmo depois de tanto esforço, não fomos capazes de compreender uma frase simples dita por um senhor por tantas vezes.

Falei sobre o medo de enfrentar situações como esta neste vídeo.

Aprender um novo idioma É SIM para qualquer um!

Por mais que houvesse dificuldades, limitações, falsos positivos de expectativa, pude continuar aprendendo mais e mais o inglês e francês. Hoje compreendo que a única ação que me permitiu aprendê-las foi a persistência, e neste caso, encontrei motivação para persistir a partir de um sonho maior.

Quer dizer então que para aprender um novo idioma, você tem que ter o “sonho maior” de sair do Brasil? Claro que não! Isto funcionou comigo, e pode ou não funcionar com você!

O que quero dizer hoje é que, tudo o que aprendemos na vida, no final das contas, nos cobra persistência. A grande maioria de nós é como fogo de palha – possui grande poder de fogo, mas queima rapidamente…

Persistir por si só não é suficiente, pois todos nós perdemos nossa motivação para persistir muito facilmente se não temos algo (ou até mesmo alguém) que nos empurre pra frente.

Nesses momentos, eu só lembro do Rocky Balboa (risos)!

Essa aventura vai além!

A grande verdade é que toda e qualquer coisa no mundo, se continuamos fazendo aquilo de novo, de novo, e de novo, uma hora ficaremos bom naquilo! Isso é o fruto que a persistência nos trás de qualquer coisa que desejarmos aprender, principalmente novos idiomas.

É simplesmente incrível como começamos a ver o mundo de uma outra perspectiva quando aprendemos a falar um novo idioma (e o utilizamos pessoalmente num país estrangeiro). Algumas vezes nos encontramos pedindo para um senhor repetir três vezes a mesma coisa, e não entendemos nada, enquanto algumas outras vivemos momentos inesquecíveis falando um novo idioma.

Nos observar conversando em uma nova língua é recompensador, pois olhamos para trás, vemos todo nosso empenho, e por menor que seja o uso de seu novo idioma, você sente uma sensação de ser o Super Homem (ou a Mulher Maravilha) (risos).

Há muito esperando por você “fora da caixinha”, basta você se lançar e buscar qual a sua forma de se motivar a persistir para aprender uma nova língua. Depois que você “chega lá”, é um caminho sem volta, e isso é ÓTIMO!

Continuo falando sobre isso, em português, francês e inglês, neste vídeo.

Para mais, confira os vídeos no site do Cidadão do Mundo, no YouTube, e novidades na fanpage do Facebook.