Adnet cobrou sobre investigação da acusação de assédio na Globo
A carta foi enviada à direção da Globo no mesmo dia que ele deu entrevista ao programa Roda Vida, na TV Cultura, em agosto
Marcelo Adnet, ex-marido de Dani Calabresa e um dos principais humoristas da Globo, cobrou da empresa o prosseguimento da investigação sobre a acusação de assédio sofrido pela comediante vindo de Marcius Melhem exatamente no dia em que foi entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura.
Segundo a reportagem publicada pela revista Piauí, o núcleo humorístico da Globo escreveu uma carta coletiva direcionada a Carlos Henrique Schroder, o então diretor-executivo de Criação e Produção de Conteúdo e diretor de Entretenimento.
Nela, os funcionários cobravam uma postura mais firme da direção em relação respeito as denúncias de assédio realizadas por Calabresa e outras mulheres da casa. Enviado pela conta de Marcelo Adnet, o e-mail chegou no destinatário no mesmo dia em que ele concedeu entrevista ao Roda Viva, no dia 17 de agosto.
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Adnet deu respostas superficiais quando foi perguntado sobre o caso durante a conversa na TV Cultura. De acordo com a matéria da revista Piauí, ele teria sido orientado no que falar caso fosse questionado sobre o assunto.
“Eu acho uma coisa inadmissível. Eu fui abusado duas vezes e sei como as vítimas sofrem. Portanto, não tenho poder de polícia, porque minha opinião é da dúvida. Quando nos apressamos em dar uma opinião, condenatória ou não, estamos sendo levianos”, declarou o comediante na época.
“Adnet estava solidário com sua ex-mulher e participava do grupo que cobrava medidas mais firmes da Globo. Horas antes de o Roda Viva ir ao ar, no entanto, ele teve uma reunião com advogados da emissora e recebeu orientação sobre o que dizer caso o tema viesse à tona”, diz a reportagem.
Depois da entrevista, Adnet foi chamado de “esquerdomacho” e severamente criticado nas redes sociais por supostamente se omitir em falar abertamente sobre o caso, mesmo demonstrando apoio às mulheres que denunciaram o ex-diretor do Humor da Globo.
“Há que se entender o seguinte. Não posso sair falando o que as vítimas me contaram em segredo. Devo a elas a discrição que me pediram, para que elas não sejam expostas”, completou o criador do Sinta-se em Casa, humorístico que fez sucesso no Globoplay e na Globo durante a pandemia da Covid-19.
Como denunciar caso de assédio sexual
- Peça ajuda a quem estiver por perto e acione policiais que estiverem no local. Depois, registre um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima. Casos assim não podem ser registrados por boletim de ocorrência online;
- Guarde todas as informações que conseguir referentes ao assédio: anote o dia, horário e local, nome e contato de testemunhas, características do agressor, tire fotos, filme etc. Verifique também se há câmeras no local do crime, pois, a partir disso, as imagens poderão ser solicitadas. Quando fizer o boletim de ocorrência ou qualquer outro tipo de denúncia, é importante levar o maior número de provas do ocorrido. Isso inclui vídeos e fotos no celular, testemunhas, conversas em redes sociais, entre outras. As autoridades policiais precisam de material para conduzir a investigação e a depender do caso, repassar para o Ministério Público. Muitos casos não seguem por falta de provas ou falta de indícios de quem é o autor;
- Infelizmente, é comum o uso de drogas como “Boa Noite Cinderela” e outras para que a vítima fique sonolenta e mais suscetível ao estupro. Caso o abuso tenha ocorrido através desta prática, é importante que a vítima faça o Exame Toxicológico (através de exame de sangue e urina) em no máximo 5 dias após a ingestão. O ideal é realizar o exame o quanto antes possível;
- Você pode fazer uma denúncia pelos telefones da Polícia Militar (190) e do Disque 180;
- É importante ressaltar que a autoridade policial não pode se recusar a registrar a ocorrência. Infelizmente, há casos em que a autoridade policial tenta dissuadir a vítima de fazer o boletim. Caso isso aconteça, registre uma reclamação na ouvidoria do órgão em que ocorreu a recusa. Sendo ineficaz, procure o Ministério Público local para denunciar a recusa e o crime.