Aguinaldo Silva levanta discussão sobre censura em novelas
Aguinaldo Silva levantou um assunto que costuma gerar bastante repercussão nesta semana, durante participação no ‘Vídeo Show’, da TV Globo.
Ao relembrar momentos de sua carreira como novelista, o autor disse que o cenário da dramaturgia atual não está muito diferente da época da ditadura militar.
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“Comecei a escrever em uma época muito difícil. Na ditadura você tinha que superar todos os obstáculos. Estamos passando por uma fase parecida. Existe a censura do politicamente correto: você tem que ter cuidado com o que diz, porque pode ser processado”, afirmou.
O autor, que deve voltar à grade de programação do horário nobre no fim de 2018 com ‘O Sétimo Guardião’, disse que não pretende se intimidar.
“Não que seja bom enfrentar uma coisa dessas, mas você precisa dizer o que precisa ser dito.”
Pensando nisso, confira abaixo alguns exemplos de censura na TV e compare com situações em que o politicamente correto imperou.
‘Selva de Pedra’ (1972)
A novela foi censurada a partir da trama de Cristiano Vilhena (Francisco Cuoco) que, casado com Simone (Regina Duarte), se envolveu com a acionista do estaleiro onde trabalha. Após a esposa sofrer um acidente de carro e sobreviver, se fingiu de morta e foi morar no exterior. Neste momento, a trama teve de ser modificada, pois Cristiano pretendia se casar com a então amante. Mesmo não sabendo que a esposa não tinha morrido, os críticos acreditavam que ele cometeria o crime de bigamia. Com a mudança, a autora Janete Clair perdeu 22 capítulos da novela. No final modificado, Simone e Cristiano ficam juntos, enquanto Fernanda é internada em uma clínica psiquiátrica.
‘Fogo Sobre Terra’ (1974)
A novela foi censurada antes mesmo de ir ao ar e seguiu sofrendo alterações enquanto era exibida na TV. Na trama de Pedro (Juca de Oliveira) e Diogo (Jardel Filho), o primeiro se tornou boiadeiro, e em uma das cenas cortadas, o rapaz incitava o povo de Divineia a pegar em armas para defender a cidade. Com a censura, ficou entendido que o gesto era um incentivo à guerrilha. Em outra cena vetada, Pedro decidiu se sacrificar junto à cidade, mas a censura viu a sequência como um mártir.
‘Roque Santeiro’ (1975)
A novela foi censurada em 1975, porém, após passar por diversas mudanças, foi regravada e exibida dez anos depois. Isso porque, na época do veto, a censura descobriu que aquela história de Dias Gomes era uma adaptação de um texto teatral de sua autoria, ‘O Berço do Herói’ (1963), que já havia sido já vetado.
‘Escalada’ (1975)
Usando acontecimentos da história do Brasil, ‘Escalada’ foi impedida de mencionar o nome de Juscelino Kubitschek por imposição da censura. Isso porque o então presidente do país não era ‘bem visto’ no regime militar, e a trama fazia referência à construção de Brasília, da qual o personagem principal, Antonio (Tarcísio Meira), participava.
‘Vereda tropical’ (1984)
A censura atingiu a trama familiar da novela de Carlos Lombardi três dias antes de ir ao ar. Isso porque a briga de Silvana (Lucélia Santos) e Oliva (Walmor Chagas) pela guarda de Zeca (Jonas Torres) foi tratada como inapropriada para o horário das 19h. A novela teve mais de 30 cortes, porém, após negociação em Brasília, o folhetim foi liberado.
‘Duas Caras’ (2007)
Em um passado não muito distante, Aguinaldo Silva teve de lidar com o ‘politicamente correto’, quando a personagem Alzira (Flávia Alessandra) foi proibida de fazer as performances sensuais no pole dance. “Brasília não deixou”, disse ele ao ‘Vídeo Show’, da TV Globo.
‘Império’ (2014)
Na trama, Aguinaldo Silva já tinha planejado uma cena de beijo gay entre Claudio (José Mayer) e seu amante, Leonardo (Klebber Toledo). Porém, segundo o ‘Notícias da TV’, o beijo teria sido gravado, mas uma ordem da alta cúpula da emissora teria vetado.
‘Babilônia’ (2015)
O ‘politicamente correto’ também deu às caras na cena em que Murilo (Bruno Gagliasso) iria se safar da prisão ao ser flagrado pelo irmão, Vinicius (Thiago Fragoso), tentando explorar sexualmente Regina (Camila Pitanga). Temendo uma suposta crítica à penalização de Murilo, o personagem acabou sendo preso e Vinícius foi seu advogado.
‘Liberdade, Liberdade’ (2016)
Foi cortada da exibição da novela de época uma cena em que a personagem Ascensão, interpretada por Zezé Polessa, tentava tranquilizar uma mulher em relação a um procedimento de aborto. Na ocasião, a atriz concedeu entrevista ao jornal ‘Folha de S. Paulo’ criticando a decisão da direção da novela. “É uma discussão atual. Ela tinha uma opinião formada. Em uma cena que cortaram, Mimi dizia que não queria matar o filho dela, e a Ascensão respondia que não se pode matar o que não nasceu. É uma opinião, você pode concordar ou não com isso. Teria sido melhor se a gente tivesse discutido esse assunto e decidido por levar adiante ou não”.
Reprise de ‘Senhora do Destino’ (2017)
A TV Globo recebeu uma série de críticas recentemente por cortar da reprise da novela cenas do casal homossexual Jenifer (Bárbara Borges) e Eleonora (Mylla Christie). Quem acompanhava a novela no ‘Vale a Pena Ver de Novo’ – na faixa vespertina – ficou sem entender o que aconteceu quando a filha de Giovani (José Wilker) se descobriu homossexual.
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