Por que Exu, entidade tema da Grande Rio no Carnaval, deve ser alimentado?

Orixá mensageiro não é o diabo que querem pintar; Laroyê, Exu!

No Carnaval deste ano, a escola Acadêmicos do Grande Rio atravessou a Marquês de Sapucaí com o enredo “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu”, sobre a entidade demonizada por parte do cristianismo. Exu, no entanto, tem mais semelhança com o deus Hermes (Mercúrio, na mitologia greco-romana) do que com Satanás da tradição judaico-cristã.

Por ser responsável por abrir os caminhos e levar as demandas aos orixás, Exu é quem come a oferenda primeiro (aquilo que gosta), e costuma ser representado como sempre faminto.

Entenda por que alimentar Exu no Carnaval
Créditos: Reprodução/TV Globo
Entenda por que alimentar Exu no Carnaval

A divindade é complexa e, por isso, repleta de nuances. Também está ligada às festas, às artes e ao Carnaval.

Se você quer ter um bom festejo, portanto, é bom alimentar o Exu para sair às ruas (ou desfilar na avenida), receber coisas boas, afastando-se das ruins.

Segundo Danilo de Oxóssi, zelador espiritual e integrante da Grande Rio, relatou ao G1, o fundamental do desfile foi a tentativa de derrubar estereótipos negativos associados a Exu.

Pela receptividade da crítica, a entidade parece ter gostado da homenagem. A Grande Rio é a favorita ao título deste ano, que é inédito para a agremiação, e já foi eleita como a melhor escola do Grupo Especial, pelo júri do Estandarte de Ouro, prêmio O Globo/Extra.

Exu da Grande Rio

O ator Demerson D’Alvaro, de 35 anos, interpretou Exu no desfile da Grande Rio. Ele é filho de uma evangélica e neto de uma umbandista -nada mais brasileiro.

Essa não é a primeira vez de D’Alvaro como Exu: ele já representou a entidade na comissão de frente da Salgueiro, em 2016. Neste ano, o ator foi içado a uma altura de dez metros e comeu o padê, alimento feito a base de farinha e dendê.

A preparação para o desfile foi com a mãe de santo da família, Rute.

Cartilha contra a intolerância

A prefeitura do Rio de Janeiro produziu a Cartilha Rio de Combate à Intolerância Religiosa, que pode ser baixada gratuitamente no site da prefeitura do Rio de Janeiro. O documento detalha as práticas que configuram intolerância religiosa, as leis de combate ao crime e as formas de denunciá-lo.

A cartilha foi produzida pela Coordenadoria Executiva de Diversidade Religiosa e pela Secretaria Municipal de Governo e Integridade Pública (Segovi), por meio da Coordenadoria Executiva de Promoção da Igualdade Racial, com o objetivo de conscientizar a população carioca sobre o respeito à multiplicidade de crenças, assegurado pelo Artigo 5º da Constituição, e de ajudar as vítimas de intolerância a acessar os canais de denúncia.