Bisavó chora ao descobrir que bisneta quer contar sua história
Cada família tem sua própria história, mas nem sempre é de conhecimento de todos que a compõe. Para escrever sobre sua bisavó, Doralice, Paula Bernardelli começou a pesquisar detalhes de seu passado e quando a idosa descobriu que ela estava fazendo isso, chorou. A emoção foi por um motivo específico: ela achava que a família tinha vergonha dela.
Nascida em Pernambuco, Doralice se mostrou guerreira desde jovem. Ajudou a criar seus irmãos – eram 13, no total – e mudou de cidade diversas vezes. Em Juazeiro do Norte, casou-se aos 17 anos com um homem que já tinha três filhos e engravidou sete vezes. Três dos bebês, no entanto, faleceram logo cedo.
Depois de alguns anos, descobriu que seu marido, que era abusivo, tinha uma segunda família. Ele a abandonou logo em seguida, levando todos seus bens materiais. Mesmo sem nada, a idosa continuou a lutar por uma vida melhor: foi até o Paraná, onde estudou e trabalhou para criar seus filhos sozinha.
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Em Curitiba, passou por outros momentos difíceis e mesmo assim continuou cuidando da família em primeiro lugar. Em 2007, foi informada de que teria mais três meses de vida por causa de problemas cardíacos. Teve diversas complicações de saúde depois disso, mas só veio a falecer nesta sexta-feira, 17.
Já a história de Doralice foi publicada no dia 15, no perfil de Paula. A jovem, que mudou para São Paulo um ano atrás, teve a ideia de escrever o texto há mais de cinco meses quando visitou a bisavó e notou que sabia pouca coisa sobre ela. “Minha bisa já estava fraquinha, embora muito lúcida, então pedi para meus pais, que tinham contato mais frequente, perguntar sobre a vida dela e anotar os fatos principais para me mandar”, contou ao Catraca Livre.
A reação de Doralice ao saber o que a bisneta estava fazendo não poderia ser mais comovente. “Eles [os pais] me contaram o quanto ela se emocionou quando descobriu que eu que estava perguntando, por achar que sua história era vergonhosa”, afirmou.
Quando o estado de saúde da idosa piorou, Paula resolveu continuar escrevendo o que tinha começado para registrar o quanto tinha orgulho dela. Doralice, no entanto, não chegou a ver o post – apesar de que se espera que sim. “Logo que foi para a UTI ela dormiu e ficou os dois últimos dias de vida dormindo”, explicou a jovem. “Os médicos diziam que embora dormindo, sem reagir, ela possivelmente podia ouvir o que nós falávamos, então pedi para que uma prima fosse visitá-la e contasse pra ela de como a história dela estava se espalhando e de como todos a achavam inspiradora”, completou.
A repercussão realmente foi enorme. A publicação de Paula ganhou mais de 130 mil curtidas, além de 24 mil compartilhamentos no Facebook. Ela também recebeu diversas mensagens de desconhecidos: da fisioterapeuta que cuidou da bisavó no hospital, de parentes que tinha perdido contato e de mulheres que se sentiram motivadas pelo post.
Além disso, Paula ficou com seu inbox cheio de relatos de pessoas contando as histórias sofridas de suas avós, o que a influenciou a iniciar um trabalho pessoal. “Eu comecei um projeto agora de um blog para publicar histórias de avós, inspirada pela repercussão que isso teve”, disse.
Existem diversas mulheres com passados que merecem ser compartilhados. No blog de Paula, chamado “A história da minha vó“, você pode ler e enviar histórias como a de Doralice. Quem sabe você não emociona e eterniza a sua avó também?
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