Brasileiro comemora vitória no Oscar e fala sobre projetos no Brasil

"Os últimos quatro anos foram um desastre para a cultura, apoio zero, a indústria é muito dependente do governo", disse Daniel Dreifuss

Daniel Dreifuss, 44 anos, é o produtor brasileiro que esteve no Oscar 2023 representando o filme “Nada de Novo no Front” – disponível na Netflix. Agora, depois de fazer história na premiação, ele fala sobre suas vontades de fazer projetos no Brasil.

Brasileiro comemora vitória no Oscar e fala sobre projetos no Brasil
Créditos: Reprodução/Instagram @daniel_dreifuss
Brasileiro comemora vitória no Oscar e fala sobre projetos no Brasil

“Fico feliz em ser um brasileiro que pode contar histórias pelo mundo e adoraria contar histórias no Brasil”, disse o produtor, em entrevista exclusiva à CARAS Brasil.

Apesar de morar há 20 anos nos Estados Unidos, Dreifuss não esconde a vontade de estar no Brasil e adianta que já tem três projetos preparados para o país, sendo duas minisséries e um longa-metragem.

Daniel fala que o filme será ficcional, com inspiração na sociedade brasileira, e as séries baseadas em obras de um jornalista brasileiro, Fernando Molica, e um escritor norte-americano.

Ele ressalta que está aberto para que histórias do Brasil cheguem até ele. Para ele, o cinema nacional é interessante e tem novas potências, mas é necessário o apoio do Governo. “Os últimos quatro anos foram um desastre para a cultura, apoio zero, a indústria é muito dependente do governo”, criticou.

O caminho até o cinema

O produtor nasceu na Escócia enquanto seu pai, o cientista político René Dreifuss, estava em um projeto de doutorado. Porém, foi em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que ele cresceu e passou a se encantar pelo cinema.

“Desde pequenininho eu falava que seria gemólogo, depois que ia fazer biologia marinha e na faculdade fiz publicidade, achando que queria marketing”, relatou.

Dreifuss cursou faculdade no Rio de Janeiro e sua relação com o cinema começou quando trabalhava com planejamento estratégico. Com o final do curso e a morte de seu pai, em 2003, ele decidiu juntar o que tinha e se mudou para Los Angeles, com um visto de estudo para a UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).

“Vim realmente sozinho”, disse o artista. Ele começou a carreira como produtor depois de concluir o mestrado em produção e logo em seu primeiro filme já recebeu uma indicação ao Oscar. Com “No”, filme sobre ditadura lançada no ano de 2012, ele concorreu ao Oscar de “Melhor Filme Internacional” em 2013.

“Eu já tinha uma compreensão bem clara de que tipo de cinema eu queria fazer”, disse Dreifuss.

A história sobre o avô

Assim como os personagens da trama de “Nada de Novo no Front”, o avô de Dreifuss lutou durante a 1ª Guerra Mundial defendendo a Alemanha. Porém, ele sofreu um ferimento nas costas e retornou para casa, diferentemente de seu primo, que se manteve no Front e morreu nas últimas horas do embate. “O primo dele é um dos jovens que morreu nas últimas horas da guerra”, completa.

“É um sonho maior do que eu poderia ter sonhado, ser produtor de um filme que ganhou quatro Oscars. Vou ser para sempre produtor de um filme que ganhou Oscar. É o filme mais premiado da história da Alemanha e da Netflix. É o reconhecimento de um trabalho de anos de dedicação. É um bonito fim de um ciclo”, finalizou o produtor.