Cacau Protásio enfrenta trauma após ataques racistas e faz terapia
Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz conta que tem crises de choro e que aumentou a terapia de uma para três vezes na semana
Há um mês, quando a atriz e humorista Cacau Protásio gravava as cenas do filme “Juntos e Enrolados” no Quartel-Central do Corpo de Bombeiros, no Rio de Janeiro, membros da corporação destilaram racismo, gordofobia e homofobia com o episódio através de um grupo de WhatsApp. Ela ainda enfrenta esse trauma e revelou que tem crises de choro.
“Tenho crises de choro. Aumentei a terapia de uma para três vezes na semana. Estou panicada mesmo. Acho que tem alguém pulando o muro da minha casa, parei de dirigir porque sentia que estavam me seguindo. Só consegui terminar o filme porque tive apoio dos colegas”, disse em entrevista ao jornal O Globo.
A estrela do “Vai Que Cola” desabafou sobre o que sentiu ao ouvir os ataques e de como se fortaleceu. “Quando soube, pensei ‘deixa, vou ficar mais famosa ainda’. Mas ao ouvir, me senti a pior pessoa do mundo, comecei a acreditar em tudo que ele estava falando. Não queria mais trabalhar, ver gente, pensei em desistir do filme. Aí veio uma coisa de eu que tinha que me posicionar. Não imaginava que o vídeo da minha resposta fosse repercutir tanto, dar um se liga nas pessoas.”
“Não consigo entender por que tanto ódio por causa de uma cor de pele”, refletiu Cacau.
Durante a entrevista, ela ainda comentou sobre quando ficou presa no elevador da delegacia ao registrar a queixa. “Quando disseram que chamariam o bombeiro, me deu pânico. Pensei: ‘Esse cara não vai me salvar’. Me chamaram para depor, mas não tenho condição emocional de ver bombeiro agora”, desabafou.
A humorista analiza que sua atitude de expor o racismo é importante para combater cada vez mais o preconceito velado. Além disso, trouxe pontos que tratam sobre representatividade e sua própria aceitação. “Tinha na minha cabeça que roupa colada era é para mulher magra, cresci ouvindo que era gorda, que meu corpo estava errado”, disse a atriz que deu vida à Terezinha.
Racismo: saiba como denunciar
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais neste link.