CRAZY SAMPA: intervenção urbana registra signos culturais de São Paulo por meio de retratos

30/09/2014 12:58 / Atualizado em 06/05/2020 17:12

O retrato é um segredo sobre outro segredo, quanto mais ele revela, mais queremos saber sobre ele. As pessoas são o tema dessas imagens, que adquirem um simbolismo e preocupação cultural idêntico a outras épocas em que se utilizavam da pintura para os retratos, reafirmando sua posição de arte e ganhando espaço como um cronista de uma fábula contemporânea.

Partindo da pesquisa “Authentic Portrait”, iniciada por Bia Ferrer em 2009, CRAZY SAMPA é uma intervenção urbana fotografada e realizada na cidade de São Paulo. A colagem apresenta um território livre, que abriga todo tipo de gente e traz sempre uma combinação de dois elementos fundamentais: a empatia entre fotógrafo e fotografado. Os modelos possuem idades e personalidades diversas, e por meio de suas vestimentas podem identificar os signos culturais de uma época e lugar.

As câmeras usadas são: uma de uso caseiro (cybershot) e a câmera de celular. O uso desse equipamento age aproximando muito mais artista e modelo, o que pode ser visto no estilo aparentemente informal das fotografias, que mostram a intimidade de relacionamento entre o fotógrafo e modelo.

No ato fotográfico, a artista provoca uma interrupção banal da vida cotidiana do modelo, fazendo com que a participação dos mesmos seja evidente. Eles recebem instruções sobre o projeto que os desarmam e incentivam frente à câmera, criando assim uma cumplicidade análoga entre modelo e fotógrafo tendo a câmera funcionando como espelho. A escolha do ponto de vista é sempre a mais simples e neutra: fotógrafo e o modelo se olham diretamente.

A escolha de desconhecidos é trilhada pela busca de elementos arquetípicos. As semelhanças, atitudes e os locais onde as pessoas são fotografadas nos habilitam a aplicar um raciocínio subjetivo daquilo que as une e as distinguem umas das outras. A escolha de um momento, pessoa ou espaço específico é um traço importante do trabalho.

Os gatilhos visuais confundem a expectativa e fazem com que o observador tente descobrir mais do fotografado pela sua aparência, levantando a possibilidade de sabermos algo essencial da pessoa por meio da imagem fotográfica.

Estão os sinais de nossa biografia impressos em nosso rosto? Podemos saber sobre uma pessoa baseado na sua aparência?

O retrato de rua faz com que a imaginação gire em torno do modelo, alimentado pelas semelhanças e diferenças entre as imagens de uma única série com as ruas se tornando pano de fundo.

As sensações e atitudes compartilhadas, assim como características peculiares aos grupos sociais, foram capturadas por este estilo fotográfico despreocupado, revelando, assim, alguns aspectos do comportamento social.

A dinâmica mistura entre os retratos constrói uma narrativa e uma pesquisa internacional sobre a diversidade e as igualdades compartilhadas entre a cultura contemporânea.

Siga Bia Ferrer no Instagram e conheça mais do seu trabalho no site do Authentic Portrait.