‘De cabeça fria’, Neymar desabafa na web e pede punição a zagueiro
"O racismo existe, mas temos que dar um basta. Não cabe mais, chega! O cara foi um tolo, eu também fui por me deixar ser atingido", disse o atacante
O jogador Neymar Jr., do Paris Saint-Germain, voltou a se manifestar nesta segunda-feira, 14, sobre o ataque racista que sofreu durante um jogo pelo Campeonato Francês, neste domingo, 13. Em texto publicado nas redes sociais, o atacante afirmou que agora, de “cabeça fria”, não deveria ter agredido o espanhol Álvaro González, do Olympique de Marselha, mas pediu a punição do zagueiro.
Liga francesa decide não punir González e Neymar após acusação de racismo
“Aceito minha punição porque deveria ter seguido no caminho da disputa limpa do futebol. Espero, por outro lado, que o defensor também seja punido”, afirmou Neymar.
O jogador fez um longo desabafo por escrito, em português e em inglês, em seu perfil do Instagram. Para Neymar, lhe faltou ‘sabedoria’ para lidar com a agressão verbal racista que sofreu do zagueiro espanhol Álvaro González, do Olympique, durante o clássico entre os times, no último domingo.
González chamou Neymar de “macaco filho da p…”. O brasileiro chegou a relatar os atos preconceituosos durante a partida e, no fim do jogo, desabafou às câmeras logo depois de ser expulso por ter dado um tapa em Álvaro – em um lance revisto pelo VAR.
Após o jogo, nas redes sociais, o jogador espanhol postou uma foto ao lado de jogadores negros do Olympique para dizer que não era racista e negar as acusações de Neymar, que respondeu essa publicação.
O atacante brasileiro chegou a dizer que devia ‘ter dado na cara’, mas nesta segunda-feira, Neymar disse que com a cabeça fria, não deveria tê-lo agredido, mas que se revoltou com o ataque racista e que isso é intolerável.
“Ontem me revoltei, fui punido com vermelho porque quis dar um cascudo em quem me ofendeu. Achei que não poderia sair sem fazer nada porque percebi que os responsáveis não fariam nada, não percebiam ou ignoravam. Durante o jogo, queria dar a resposta como sempre, jogando futebol. Os fatos mostram que não consegui, me revoltei”, explicou Neymar.
Para o jogador, no futebol, “as agressões, insultos, palavrões são do jogo, da disputa. Não dá para ser carinhoso. Entendo esse cara em parte. Faz parte do jogo”. Porém, em seguida, Neymar foi taxativo. “Mas o preconceito e a intolerância são inaceitáveis. Eu sou negro, filho de negro, neto e bisneto de negro. Tenho orgulho e não me vejo diferente de ninguém. Ontem eu queria que os responsáveis pelo jogo (árbitro, auxiliares) se posicionassem de modo imparcial e entendessem que não cabe tal atitude preconceituosa”, salientou o atacante.
“Refletindo e vendo tanta manifestação quanto ao que ocorreu, fico triste pelo sentimento de ódio que podemos provocar quando no calor do momento nos revoltamos. Deveria ter ignorado? Não sei ainda… Hoje com a cabeça fria respondo que sim, mas oportunamente eu e meus companheiros pedimos ajuda aos árbitros e fomos ignorados. Esse é o ponto!”, ressaltou Neymar.
“O racismo existe, mas temos que dar um basta. Não cabe mais, chega! O cara foi um tolo, eu também fui por me deixar ser atingido… Eu ainda hoje tenho o privilégio de me manter com a cabeça levantada, mas todos nós precisamos refletir que nem todos os pretos e brancos podem estar na mesma condição. O dano do confronto pode ser desastroso para ambos os lados, quer seja preto ou branco. Não quero e não podemos misturar assuntos. Cor de pele não há escolha. Perante Deus somos todos iguais”, disse Neymar.
Confira a íntegra abaixo:
Porque é importante denunciar racismo
O racismo é um dos principais temas de debate na sociedade atual – ainda bem! Casos de racismo são denunciados diariamente nas redes sociais e vale ressaltar que a prática horrorosa é crime na maior parte do planeta. Infelizmente, luta diária ainda é algo muito necessário tendo em vista que o mundo tem diversos resquícios ainda da época da escravidão.
É essencial para o enfrentamento contra o racismo seja feito por toda sociedade, inclusive por pessoas brancas, que por séculos são privilegiadas por simplesmente serem brancas. A luta antirracista precisa vir de todos os lados, por isso é muito importante se conscientizar sobre local de fala e privilégios.