Do riso ao choro, ‘Tudo Bem no Natal que Vem’ é a grande surpresa da Netflix
O filme já pode ser considerado um sucesso, afinal, está há dias liderando em primeiro lugar entre os conteúdos mais assistidos na Netflix Brasil
Lançado mundialmente na última quinta-feira, 3, “Tudo Bem no Natal que Vem” é o primeiro filme natalino brasileiro da Netflix. Sem neve, gorro, roupas de frio, o longa de comédia protagonizado por Leandro Hassum traz um Natal bem a moda brasileira: sol, compras, comidas típicas do país na mesa e claro, a famosa e calorosa reunião de família.
![Do riso ao choro, ‘Tudo Bem no Natal que Vem’ é a grande surpresa da Netflix](https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2020/12/tudo-bem-no-natal-que-vem-450x253.jpg)
Liderando em primeiro lugar entre os conteúdos mais assistidos na Netflix Brasil, a história é contada através da perspectiva de Jorge, um homem de meia idade que faz aniversário no Natal, e que por conta de um trauma de infância em ter que dividir a data com seu aniversário, simplesmente odeia este dia.
Mas assim como grande parte do mundo, não tem como evitar o Natal, sobretudo quando se tem uma esposa como Laura, interpretada por Elisa Pinheiro, que faz questão de reunir a família para a famigerada ceia de Natal todos os anos.
Era natal de 2010, o papai noel não pôde estar na festa porque a irmã de Laura havia terminado com o cara que justamente iria exercer o papel do vovô mais comentado nas festa natalinas. E assim Jorge (Leandro Hassum) acabou sendo o escolhido para ser papai noel daquela noite.
![Cena de ‘Tudo Bem no Natal que Vem’](https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2020/12/2-450x191.png)
Tudo poderia ocorrer bem, se ele não tivesse caído do telhado e batido fortemente cabeça no chão, lhe causando uma espécie de amnésia, a qual o faz lembrar apenas do dia 24 de dezembro e deixando-o eternamente preso apenas nessa data, revivendo-a ano após ano.
Há quem diga que Hassum é o Adam Sandler brasileiro, título conquistado por ser um dos principais atores de comédia do país e possuir um estilo próprio de fazer comédia, que é replicado não só nesse, mas na maioria dos filmes protagonizados pelo ator.
O roteiro e a direção da obra também são características a serem celebradas porque além de trazer um ar brasileiro pro Natal, a combinação entre esses dois tópicos funcionou muito bem, surpreendendo o expectador com uma história inédita para o país. Convenhamos, saiu do convencional com maestria, apesar de, às vezes, as piadas de “tiozão” do Hassum darem uma leve vontade de revirar de olhos.
![Cena de ‘Tudo Bem no Natal que Vem’](https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2020/12/5-450x183.png)
Vale ressaltar que eles trazem algumas pequenas militadas, mas que cabem super bem dentro do roteiro, não deixando a mensagem alto totalmente banal ou extremamente forçado. Como por exemplo, quando a filha de Jorge (Leandro Hassum) o acorda reclamando que não quer receber uma boneca e sim uma bicicleta.
A participação especial de Danielle Winits é memorável, apesar de fazer a mesma personagem de sempre. Na trama ela faz a secretária Márcia, que está tendo um caso com Jorge (Leandro Hassum) há quatro anos. Mas, só durante o restante do ano, já que no dia 24 de dezembro ele é transportado para sua “realidade”. Isso faz com que Márcia (Danielle Winits) fique furiosa e faça de tudo para trazê-lo à “realidade” dela, a qual eles são amantes e futuramente, casados.
![Cena de ‘Tudo Bem no Natal que Vem’](https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2020/12/3-450x187.png)
O que não pode deixar sem citar é a cena em que Márcia (Danielle Winits) está fantasiada de mamãe noel. Intencionalmente ou não, a alusão a Mariah Carey é perceptível. Não é a primeira vez que a brasileira é comparada com com a cantora norte-americana, mas é que nesse caso ficou muito explícito, já que a Mariah Carey é considerada a rainha do Natal.
Pequenas tiradas satíricas, inclusive com foco político, são inseridas na trama. São simples, mas elas instigam o expectador induzir o que eles realmente querem falar. Em uma das cenas é citada a tal capa para tornozeleira eletrônica. Perguntas como “você acha que esse governo chega até o final do ano que vem?” ou “Você votou no…” com certeza não são por mero acaso.
Em uma das “viagens” que o filme dá, Laura (Elisa Pinheiro) e Jorge (Leandro Hassum) voltam a ser um casal e a cada “acordada” que ele dá, os dois aparecem em um país diferente: França, Estados Unidos, Inglaterra, Índia. Apesar de ter sido feito em um belo fundo verde, é de admirar a naturalidade dos ambientes. A produção nacional foi traduzida para outros quatro idiomas, incluindo o inglês.
![Cena de ‘Tudo Bem no Natal que Vem’](https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2020/12/4-450x207.png)
Mas como nem tudo são mil maravilhas e risadas, em uma dessas voltas de Jorge (Leandro Hassum) no dia 24 de dezembro, ele descobre que a filha está com câncer. A cena é carregada de emoção até para as pessoas que não choram. Apenas assistindo para entender tamanha dor representada em cena. Vale ressaltar que neste núcleo, o câncer de mama é tratado com muita delicadeza e que no fim, ainda entrega uma mensagem importante de conscientização sobre o tema, ainda mais quando se sabe como termina a história de Aninha (Arianne Botelho), filha de Hassum na trama.
Levi Ferreira, que interpreta o avô de Laura, é retratado o filme inteiro com um secundário, ele quase não é mostrado. Por conta de um derrame, ele não fala e não demonstra mais gestos, fica apenas sentado assistindo TV. Quem prestar atenção na história vai entender que ele é muito mais que isso. Afinal, é dele que sai a grande frase: “Você ainda vai saber pra o que serve o Natal”, direcionada a Jorge (Leandro Hassum), fazendo a sua vida mudar completamente. Devido complicações com a Covid-19, o ator Levi Ferreira faleceu em outubro deste ano.
![Cena de ‘Tudo Bem no Natal que Vem’](https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2020/12/1-450x210.png)
Dirigida por Roberto Santucci e Roteirizada por Paulo Cursino, a obra é uma produção da Camisa Listrada.
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