Do riso ao choro, ‘Tudo Bem no Natal que Vem’ é a grande surpresa da Netflix
O filme já pode ser considerado um sucesso, afinal, está há dias liderando em primeiro lugar entre os conteúdos mais assistidos na Netflix Brasil
Lançado mundialmente na última quinta-feira, 3, “Tudo Bem no Natal que Vem” é o primeiro filme natalino brasileiro da Netflix. Sem neve, gorro, roupas de frio, o longa de comédia protagonizado por Leandro Hassum traz um Natal bem a moda brasileira: sol, compras, comidas típicas do país na mesa e claro, a famosa e calorosa reunião de família.
Liderando em primeiro lugar entre os conteúdos mais assistidos na Netflix Brasil, a história é contada através da perspectiva de Jorge, um homem de meia idade que faz aniversário no Natal, e que por conta de um trauma de infância em ter que dividir a data com seu aniversário, simplesmente odeia este dia.
Mas assim como grande parte do mundo, não tem como evitar o Natal, sobretudo quando se tem uma esposa como Laura, interpretada por Elisa Pinheiro, que faz questão de reunir a família para a famigerada ceia de Natal todos os anos.
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Era natal de 2010, o papai noel não pôde estar na festa porque a irmã de Laura havia terminado com o cara que justamente iria exercer o papel do vovô mais comentado nas festa natalinas. E assim Jorge (Leandro Hassum) acabou sendo o escolhido para ser papai noel daquela noite.
Tudo poderia ocorrer bem, se ele não tivesse caído do telhado e batido fortemente cabeça no chão, lhe causando uma espécie de amnésia, a qual o faz lembrar apenas do dia 24 de dezembro e deixando-o eternamente preso apenas nessa data, revivendo-a ano após ano.
Há quem diga que Hassum é o Adam Sandler brasileiro, título conquistado por ser um dos principais atores de comédia do país e possuir um estilo próprio de fazer comédia, que é replicado não só nesse, mas na maioria dos filmes protagonizados pelo ator.
O roteiro e a direção da obra também são características a serem celebradas porque além de trazer um ar brasileiro pro Natal, a combinação entre esses dois tópicos funcionou muito bem, surpreendendo o expectador com uma história inédita para o país. Convenhamos, saiu do convencional com maestria, apesar de, às vezes, as piadas de “tiozão” do Hassum darem uma leve vontade de revirar de olhos.
Vale ressaltar que eles trazem algumas pequenas militadas, mas que cabem super bem dentro do roteiro, não deixando a mensagem alto totalmente banal ou extremamente forçado. Como por exemplo, quando a filha de Jorge (Leandro Hassum) o acorda reclamando que não quer receber uma boneca e sim uma bicicleta.
A participação especial de Danielle Winits é memorável, apesar de fazer a mesma personagem de sempre. Na trama ela faz a secretária Márcia, que está tendo um caso com Jorge (Leandro Hassum) há quatro anos. Mas, só durante o restante do ano, já que no dia 24 de dezembro ele é transportado para sua “realidade”. Isso faz com que Márcia (Danielle Winits) fique furiosa e faça de tudo para trazê-lo à “realidade” dela, a qual eles são amantes e futuramente, casados.
O que não pode deixar sem citar é a cena em que Márcia (Danielle Winits) está fantasiada de mamãe noel. Intencionalmente ou não, a alusão a Mariah Carey é perceptível. Não é a primeira vez que a brasileira é comparada com com a cantora norte-americana, mas é que nesse caso ficou muito explícito, já que a Mariah Carey é considerada a rainha do Natal.
Pequenas tiradas satíricas, inclusive com foco político, são inseridas na trama. São simples, mas elas instigam o expectador induzir o que eles realmente querem falar. Em uma das cenas é citada a tal capa para tornozeleira eletrônica. Perguntas como “você acha que esse governo chega até o final do ano que vem?” ou “Você votou no…” com certeza não são por mero acaso.
Em uma das “viagens” que o filme dá, Laura (Elisa Pinheiro) e Jorge (Leandro Hassum) voltam a ser um casal e a cada “acordada” que ele dá, os dois aparecem em um país diferente: França, Estados Unidos, Inglaterra, Índia. Apesar de ter sido feito em um belo fundo verde, é de admirar a naturalidade dos ambientes. A produção nacional foi traduzida para outros quatro idiomas, incluindo o inglês.
Mas como nem tudo são mil maravilhas e risadas, em uma dessas voltas de Jorge (Leandro Hassum) no dia 24 de dezembro, ele descobre que a filha está com câncer. A cena é carregada de emoção até para as pessoas que não choram. Apenas assistindo para entender tamanha dor representada em cena. Vale ressaltar que neste núcleo, o câncer de mama é tratado com muita delicadeza e que no fim, ainda entrega uma mensagem importante de conscientização sobre o tema, ainda mais quando se sabe como termina a história de Aninha (Arianne Botelho), filha de Hassum na trama.
Levi Ferreira, que interpreta o avô de Laura, é retratado o filme inteiro com um secundário, ele quase não é mostrado. Por conta de um derrame, ele não fala e não demonstra mais gestos, fica apenas sentado assistindo TV. Quem prestar atenção na história vai entender que ele é muito mais que isso. Afinal, é dele que sai a grande frase: “Você ainda vai saber pra o que serve o Natal”, direcionada a Jorge (Leandro Hassum), fazendo a sua vida mudar completamente. Devido complicações com a Covid-19, o ator Levi Ferreira faleceu em outubro deste ano.
Dirigida por Roberto Santucci e Roteirizada por Paulo Cursino, a obra é uma produção da Camisa Listrada.
Assista ao trailer