Emicida detona Bolsonaro no Roda Viva e viraliza nas redes sociais
"Os valores que o Bolsonaro defende são completamente contrários a tudo que acredito", afirmou o rapper
O rapper e produtor musical Emicida detonou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante entrevista ao programa Roda Viva, na TV Cultura, na noite desta segunda-feira, 27, e viralizou na web por trazer reflexões importantes sobre o movimento Hip Hop, a negritude e o que representa o atual líder do executivo nacional.
Emicida foi questionado pelo jornalista Alexandre De Maio, da Catraca Livre, sobre a organização política do movimento Hip Hop. “Quando o Lula ganhou [as eleições em 2002] o Hip Hop estava super organizado e eu acompanhei o encontro do MV Bill, Racionais, vários rappers com o Lula. Você vê o Rap, o Hip Hop organizado dessa maneira? Você aceitaria um encontro com Bolsonaro e o que você falaria para ele?”.
“Se eu aceitaria encontrar com o Bolsonaro para conversar sobre o Hip Hop, obviamente que não. Obviamente porque os valores que o Bolsonaro defende são completamente contrários a tudo que acredito”, afirmou Emicida.
Emicida então resgatou seu último projeto, AmarElo para explicar o que o distancia tanto de Bolsonaro. “A capa do disco AmarElo é uma foto da Claudia Andujar. É uma fotógrafa que tem uma história de vida incrível. Ela é uma sobrevivente do nazismo… Ela vem para o Brasil e na exposição da Claudia Andujar é deprimente, porque tem o vídeo em que Bolsonaro aparece no Congresso Nacional, nos anos 1980 dizendo que ele ia fazer tudo o que ele está tentando fazer nesse momento. Então a natureza de alguém com esse tipo de pensamento, não se conecta de maneira nenhuma aos valores humanísticos que o Hip Hop defende. O Hip Hop é a luta constante de melhoria para todo mundo”
Antes de falar sobre Bolsonaro, o rapper falou sobre Hip Hop e a política brasileira. “Eu acho que tem uma construção que antecede esse encontro. Tem uma relação do pensamento de esquerda com a música Rap que antecede o encontro. Tem muitas pessoas que eram partidárias mesmo das bandeiras de esquerda, como o grande Preto Ghóez, que veio a falecer há bastante tempo atrás, inclusive. Essas pessoas militaram para que o Hip Hop pudesse, de alguma maneira, orientar a política, porque ele também é um movimento político”, afirmou o rapper.
“Eu acho que a gente não deve perder essa característica política, de maneira nenhuma, porque na história do Brasil nós temos um elemento muito interessante. O Rap é o primeiro interlocutor entre a intelectualidade produzida pelo movimento negro e classe trabalhadora de uma maneira massiva. Então eu conheci a história de Zumbi dos Palmares, de Abdias do Nascimento, através das letras e dos discos do Racionais, do DMN, que eram artistas, mas também eram ativistas. Tinham uma posição muito próxima dessa militância”, afirmou Emicida.
O rapper ainda criticou a ação do mercado no Rap. “A música Rap, quando associada ao mainstreaming se desconecta dessa necessidade de movimentação coletiva e aí ela louva esse individualismo que o mercado reconhece. Mas nas bases, a gente ainda consegue ver o Hip Hop como uma grande movimentação coletiva, produzindo trabalho sociais, inúmeras movimentações, inclusive nesse período de pandemia”, salientou Emicida.
“Não foram poucos os artistas, que mesmo enfrentando essa situação desesperadora do artista independente, porque a gente compra a nossa comida no dia seguinte, com o dinheiro que ganhamos na noite anterior, e ainda assim, essas pessoas tiveram a grandiosidade de promover uma série de ações sociais para distribuir mantimentos, máscara, pagar consulta. Todas essas ações me faz acreditar, muito, na essência de coletividade do Hip Hop. A vitória do Hip Hop é sempre coletiva. Por mais que no dia de hoje, essa não seja a coisa que mais se fala, ela continua muito atual”, explicou Emicida.
"Os valores que o Bolsonaro defende são completamente contrários a tudo que acredito."
Veja o que disse @Emicida, rapper e produtor musical, no #RodaViva, sobre a organização política do movimento hip hop. Ele ainda respondeu se aceitar encontrar-se com Jair Bolsonaro. pic.twitter.com/g3huceyaC7
— Roda Viva (@rodaviva) July 28, 2020
Confira a repercussão da fala de Emicida sobre Bolsonaro e o movimento Hip Hop nas redes sociais:
A risadinha do Emicida sobre se encontrar com o Bolsonaro ahuahuahuahuahauhauah
— Mussum Alive (@MussumAlive) July 28, 2020
TÔ muito com o @emicida e não abro.
Encontrar com o Bolsonaro pra quê?
Tudo que ele representa fede.. pic.twitter.com/N5pzLDQe5X— Maurício Araujo (@MaurcioAraujo14) July 28, 2020
Ahahahahahahahahaha a risadinha do Emicida ao perguntarem se ele falaria com o Bolsonaro ahahhahahahhahahahah eu quero uma gif
— laerte (@brenolaerte) July 28, 2020
É muito importante o @emicida reiterando que não se encontraria com o Bolsonaro. Primeiro, porque vai contra os princípios éticos e políticos do rap, mas também porque não existe possibilidade de diálogo com quem é fascista. #EmicidaNoRodaViva
— Ana Flor (@Tdetravesti) July 28, 2020
Nunca vou entender como no mesmo país exista alguém como emicida e alguém como bolsonaro. @emicida é um gênio! Todo show, entrevista, conversa eu fico inspirada e apaixonada!
— thalira (@thalitafdias) July 28, 2020
Emicida no Roda Viva:
Você se encontraria com o Bolsonaro para representar o Hip Hop?
Não!! Porque ele representa todos os valores contra a humanidade que o Hip Hop defende.
O Hip Hop é resistência na defesa dos valores humanitários.
— Uallace Moreira 🇧🇷🇰🇷 (@moreira_uallace) July 28, 2020
Sempre muito bom acompanhar @emicida. Grande programa com direito a crítica aos seus críticos dos preços da lab fantasma, discursos libertadores para a negritude, posição firme em relação a Bolsonaro e de resto toda a sua genialidade, intelectualidade e poesia. Enfim, Emicida.
— Viaro🚩🚩🚩 (@Prof_Viaro) July 28, 2020
Ao vivasso no Roda Viva
"Emicida, tu aceitaria um encontro sobre Hip Hop com o Bolsonaro"
Emicida: pic.twitter.com/pFlNc7k3pp
— NanaEu 🌈 (@NanicaFranca) July 28, 2020
O @emicida deu a letra e explicou claramente por que o rap é um movimento de esquerda.
"A vitória do hip-hop é sempre coletiva".
"Os valores que Bolsonaro defende são totalmente contrários a tudo que acredito".
#EmicidaNoRodaViva— Daniel A. Dourado (@dadourado) July 28, 2020
Emicida é questionado: "você aceitaria conversar com Bolsonaro?"
Resposta: OBVIAMENTE QUE NÃO.
Fim.
♥️— Michelle Cabrera (@micabrera11) July 28, 2020
o emicida sobre o bolsonaro :“alguém com esse tipo de pensamento não se conecta de maneira nenhuma com os valores humanísticos que o hip hop defende"
— anicca (@Analib_4) July 28, 2020
Essa fala do Emicida é muito importante: O Bolsonaro não se alinha aos valores humanitários do hip hop.
Pra você adolescente/jovem branco que ouve trap/rap e vota no Bolsonaro e acha que ta em uma caminhada certa, isso serve pra muitos de PB e região— Raposinho birutinha (@Midnight_blacks) July 28, 2020