Encontrado ser vivo se movendo dentro do gelo do Ártico

Cientistas descobriram algas que se movem sob o gelo com ajuda de muco

23/09/2025 19:06

As diatomáceas utilizam um método peculiar de locomoção que envolve a secreção de um polímero semelhante a muco
As diatomáceas utilizam um método peculiar de locomoção que envolve a secreção de um polímero semelhante a muco

No ambiente desafiador do Ártico, onde as condições extremas são a norma, cientistas têm desvendado os segredos ocultos sob o gelo. Recentemente, uma expedição de 45 dias no Mar de Chukchi revelou um fenômeno intrigante: microalgas se movem ativamente sob a superfície gelada. Essas microalgas, conhecidas como diatomáceas, exibem um comportamento que desafia as noções anteriores sobre a inatividade de organismos em ambientes congelados.

As diatomáceas foram observadas a temperaturas tão baixas quanto -15°C, desafiando a compreensão convencional de limites térmicos para a vida celular. Essas células eucarióticas, que normalmente integram plantas, animais e fungos, não apenas sobrevivem, mas se movem neste cenário hostil. A equipe científica, liderada por Manu Prakash da Universidade de Stanford, empregou tecnologias inovadoras, incluindo núcleos de gelo e drones subaquáticos, para documentar e estudar estas fascinantes formas de vida.

Como as microalgas movem-se em ambientes gelados?

As diatomáceas utilizam um método peculiar de locomoção que envolve a secreção de um polímero semelhante a muco. Este processo, descrito como “movimento mucilaginoso”, permite que as microalgas deslizem sobre superfícies geladas. Qing Zhang, uma das principais autoras do estudo, compara o mecanismo a uma corda sendo puxada, onde o muco secretado adere à superfície do gelo, facilitando o movimento.

Esse movimento é possibilitado por proteínas como actina e miosina, as mesmas responsáveis pela contração muscular em humanos. Notavelmente, a agilidade dessas microalgas em áreas árticas supera a de suas semelhantes em regiões temperadas, sugerindo uma adaptação evolutiva às duras condições polares.

As diatomáceas utilizam um método peculiar de locomoção que envolve a secreção de um polímero semelhante a muco
As diatomáceas utilizam um método peculiar de locomoção que envolve a secreção de um polímero semelhante a muco

Qual é o papel das microalgas no ecossistema Ártico?

A descoberta de diatomáceas ativamente se movendo sob o gelo marinho levanta questões importantes sobre o papel ecológico destas microalgas. Elas são fundamentais na transferência de recursos dentro da teia alimentar do Ártico, suportando uma ampla gama de organismos, desde peixes até ursos polares. As películas verdes formadas por estas diatomáceas sustentam comunidades inteiras, que até agora, eram invisíveis ao olhar humano.

  • A presença das diatomáceas em áreas extensas sob o gelo indica um componente significativo do ecossistema marinho.
  • Os drones subaquáticos revelaram vastas áreas verdes, testificando a abundância de vida microbiana.

Quais são as implicações das mudanças climáticas para o Ártico?

A rápida transformação do Ártico devido ao aquecimento global traz consigo consequências incalculáveis para o conhecimento científico e a biodiversidade. O derretimento do gelo marinho pode alterar dramaticamente o delicado equilíbrio desses ecossistemas, potencialmente ameaçando a continuidade de estudos sobre esses organismos únicos.

Além disso, cortes no financiamento para pesquisas polares podem limitar a compreensão de como essas microalgas e outras formas de vida se adaptam e sobrevivem em tais condições extremas. O desaparecimento de ecossistemas árticos poderia significar uma perda significativa de insights sobre a história evolutiva de muitas espécies.

Assim, a energia e a resiliência dessas pequenas formas de vida sob o gelo ártico não são apenas uma curiosidade científica, mas uma chamada urgente para preservação e valorização de ambientes singulares e suas complexas teias de vida, muitos dos quais poderão deixar de existir nas próximas décadas.