Ex-cantor gospel, Jotta A desabafa sobre preconceito ao se assumir mulher trans
"A verdade é que não existe 'local de fala' em uma sociedade onde todo mundo acha que tem o direito de opinar sobre você"
Ex-cantora gospel revelado no Programa Raul Gil, Jotta A usou suas redes sociais para desabafar sobre o preconceito que sofre por se assumir uma mulher trans.
“Me lembro da primeira vez que sai na rua usando um vestido e voltei pra casa chorando… Eu nunca havia experienciado o assédio masculino antes; desde assobios até insultos. Também me lembro de reduzir o meu ciclo de amizades após ser objetificada de maneira não intencional por alguns amigos que me perguntavam quando iriam começar a crescer os meus seios ou se eu queria ter uma vagina. Assuntos sensacionalistas nos acompanham; da matéria em um portal de notícias até nas resenhas entre colegas. A verdade é que não existe ‘local de fala’ em uma sociedade onde todo mundo acha que tem o direito de opinar sobre você”, desabafou ela.
Jotta A, de apenas 24 anos, disse que aprendeu a se aceitar, apesar de todo o preconceito que a cerca. “Pude me olhar no espelho, provar as roupas que eu gosto, me maquiar de maneira desacelerada. Me apeguei à mim mesma e nunca mais soltei. O que importa é que eu me permiti existir e ser, aceitei os desafios e venci o medo de ser feliz”.
- América Central: 5 países para incluir na sua próxima viagem
- Férias com crianças a 40 minutos de São Paulo
- Já ouviu falar de transplante de sobrancelha? Veja curiosidades sobre o procedimento
- Como reconhecer a deficiência de vitamina K e seus efeitos no corpo?
Jotta contou que já foi ao cartório dar entrada na mudança do se nome de registro. “Essa sou eu, indo ao cartório fazer a primeira solicitação de retificação do meu nome de registro. O processo é um pouco demorado, devido aos detalhes e protocolos. E na minha condição, que nasci em Guarajá-Mirim, em Rondônia, fica ainda mais difícil (na perspectiva de quem mora no sudeste do país)”, disse a cantora na aberta dedicada aos fãs que publicou.
A artista contou que a escolha do seu nome levou tempo e que fez rascunhos, além de usar sugestões de amigos. Porém, ela chegou à conclusão de que deveria manter ‘Jotta’ . “Além de ser uma maneira de estar atrelada à minha história, acredito que seria difícil readaptar meus sobrinhos pequenos a deixarem de me chamar de tia Jotta (essa é a maneira carinhosa que eles me chamam já há alguns meses)”, conta ela, em sua página, em que já há o pronome “she” (ela, em inglês).
Jotta afirmou que ainda irá dividir o segundo nome com o público.
A cantora frisou que não é fácil passar por este processo, mas que está feliz em vivê-lo. “Recomeçar não é fácil, mas estou feliz por estar vivenciando todo esse processo. Feliz em ter tantas pessoas que me apoiam e acreditam em mim nessa nova etapa.”
Jotta ficou conhecida quando venceu a competição de calouros do “Programa Raul Gil”. Após a passagem pelo programa, ela assinou com uma gravadora gospel e lançou alguns álbuns.
Em 2014, o disco “Geração Jesus”, gravado em 2013, chegou a ser indicado ao Grammy Latino. Foi em 2020 que a artista assumiu sua homossexualidade e deixou o gênero gospel, sem abandonar a música.