Filho do dono da RedeTV! diz não entender greve de funcionários
"A gente não deve. Eu não devo", disse Amilcare Dallevo Neto em reunião
O Sinrad (Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo) divulgou uma nota para abordar a reunião de profissionais com a direção da RedeTV!, que aconteceu na última sexta-feira, 10. A emissora estava representada por Amilcare Dallevo Neto, filho do dono e executivo, para tratar da greve que percorre desde 31 de agosto. Ele falou que não entende os motivos da paralisação. “Quando a gente deve, abaixa a cabeça e pede desculpas. A gente não deve. Eu não devo”, disse ele na reunião.
A nota relata que a reunião foi realizada só com profissionais que não entraram em greve. Nela, Dallevo Neto tentou adotar um estilo informal para conversar com os funcionários e agradeceu os funcionários que não participaram. Para comprovar as falas, o Sindicato afirma ter imagens da reunião, que serão anexadas ao processo da greve que corre na Justiça do Trabalho.
“Frente a tudo isso que a gente passa, eu me senti no dever e no direito de dizer obrigado para todos vocês que estão aqui. Obrigado!”, disse Neto, como é chamado. Ele também negou atrasos de salários: “Hoje, nós não devemos um real de salário”, disse.
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Apesar de ter acontecido diversas vezes nos últimos anos, a RedeTV! não chegou a atrasar salários recentemente, no entanto, o Sinrad e funcionários reclamam que há uma defasagem 17,70% nos salários, sem reajustes desde 2017. A RedeTV! propôs apenas 7,70% de aumento, o que só repõe a inflação até 2020. A proposta feita foi considerada “baixa e ridícula”.
Dallevo Neto disse que, se a greve for mais prolongada, a RedeTV! pode ter problemas no futuro, já que anunciantes e fornecedores teriam contatado a direção para saber mais detalhes da saúde financeira.
“A gente tá cutucando numa ferida que pode haver um desfaturamento da emissora. As pessoas investem nas companhias que elas confiam. E é a nossa companhia. A companhia que paga o meu salário, que paga o seu salário. O salário de todo mundo. E se a gente vai bem vai todo mundo bem.”, argumentou.
O executivo também falou que não tem pretensões de negociar estabilidade de trabalho para profissionais – sendo eles grevistas ou não. Ele também deu a entender que ia demitir quem estivesse na greve.
“Nós não vamos negociar estabilidade de emprego. Eu não acho fair [justa], com o salário em dia, a gente negociar estabilidade de emprego. Quando a gente deve, abaixa a cabeça e pede desculpas. A gente não deve. Eu não devo nada. Se há uma coisa que não está na mesa é estabilidade de emprego. De jeito nenhum. Sou um cara que tenho que me manter pelos meus princípios.”, concluiu.