Globo é condenada por detalhe da minissérie ‘Chiquinha Gonzaga’

Autora de livro que inspirou a atração global morreu antes de poder comemorar sua ação contra a emissora

10/08/2018 11:04 / Atualizado em 05/05/2020 11:17

Após 19 anos, Globo é condenada por causar danos psicológicos em escritora cujo livro inspirou “Chiquinha Gonzaga”
Após 19 anos, Globo é condenada por causar danos psicológicos em escritora cujo livro inspirou “Chiquinha Gonzaga” - reprodução/TV Globo

Em 1999, quando estreava a minissérie da Globo “Chiquinha Gonzaga”, a escritora Dalva Lazaroni de Moraes (que morreu em 2016) não imaginou que uma atração de televisão fosse de causar tanta dor de cabeça. Isso porque ela é autora do livro “Chiquinha Gonzaga: Sofri e Chorei: Tive Muito Amor”, que inspirou o mais comentado projeto artístico da emissora na época.

Na data em que a minissérie foi ao ar pela primeira vez, Dalva lutava contra um câncer de mama e esperava comemorar o sucesso de um de seus 30 livros, já que imaginava que seu nome fosse ser citado nos créditos finais.

A menção à autora, contudo, não aconteceu, o que se transformou em “frustração, mágoa e constrangimento”, como relatou ao advogado Sylvio Guerra. As informações são de Daniel Castro, do Notícias da TV.

A atriz Regina Duarte, no papel de Chiquinha Gonzaga
A atriz Regina Duarte, no papel de Chiquinha Gonzaga - reprodução/TV Globo

Dalva era pedagoga e advogada, e chegou a fazer carreira política como vereadora. A escritora gostaria tanto que seu registro sobre a vida de Chiquinha Gonzaga (1845-1935) fosse para a televisão que abriu mão de qualquer remuneração. Quando cedeu os direitos autorais, fez apenas a exigência contratual de que recebesse os créditos por isso.

Na época, Dalva chegou a procurar pela emissora, que se retratou e passou a colocar o nome da escritora e de seu livro nos créditos a partir do 20º capítulo (de um total de 38 episódios).

Anos mais tarde, em 2010, quando a minissérie seria reprisada pelo Canal Viva, Dalva viu a história se repetir. Seu nome não estava no final de cada capítulo e, ainda, descobriu que a Globo não cumpriu a promessa fora do país, quando a atração foi exibida no exterior.

A escritora entrou com uma ação judicial contra a Globo, porém o caso foi tão protelado que ela não conseguiu assistir à sua vitória, e faleceu em julho de 2016.

No documento, o titular da 31ª Vara Cível do Rio de Janeiro, Paulo Assad Estevam, reconhece a influência do livro de Dalva na minissérie da Globo e registra que a omissão dos créditos, além de causar “grave prejuízo” à imagem da escritora, a fez sofrer um baque psicológico. Ele condenou a Globo a pagar aos herdeiros R$ 150 mil de indenização por danos morais e a inserir os créditos a Dalva e seu livro em todos os capítulos de Chiquinha Gonzaga.