‘Golpista do Tinder’ faz app alertar usuários sobre golpes
"Acima de tudo, não transfira dinheiro online", diz um dos trechos do guia
O Golpista do Tinder”, que estreou na Netflix no dia 2 de fevereiro, se tornou num dos filmes mais assistidos no Brasil, EUA e Reino Unido. Baseado em um caso que aconteceu em 2018, o documentário narra a história de um israelense que fingiu ser um bilionário para aplicar golpes em diversas mulheres, somando US$ 10 milhões em fraudes.
Um dia antes do lançamento do documentário, o Tinder publicou novas diretrizes para os usuários, intituladas: “Golpes no romance: como se proteger online“.
No guia, o aplicativo diz que os golpistas costumam usar a plataforma de encontro para atacar pessoas “vulneráveis” que estão “em busca de amor”. O Tinder, no entanto, não faz menção do documentário da Netflix.
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As novas diretrizes do Tinder alerta seus usuários a tomarem cuidado ao conhecer um “match”, acrescentando que, apenas nos Estados Unidos, os criminosos conseguiram cerca de US$ 304 milhões em golpes românticos em 2020, citando dados da Comissão Federal do Comércio.
A plataforma recomenda ainda que os usuários devem “confiar em seus instintos”, atentar para “exibicionismo exagerado” e não compartilhar detalhes pessoais, como informações de passaporte ou número de previdência social.
“Acima de tudo, não transfira dinheiro online”, diz um dos trechos das recomendações do Tinder, que tem três páginas.
Quem é o golpista do Tinder?
Shimon Hayut, que trocou de nome para Simon Leviev, nasceu na cidade de Bnei Brak, que fica próxima a Tel Aviv, em Israel. Ele deixou o país em 2011 rumo à Europa, depois de ser indiciado por fraude. Quando chegou lá, resolveu ir para a Finlândia, onde conseguiu aplicar golpe em três mulheres. Em 2015, foi preso e lá ficou por dois anos.
Depois que deixou o presídio, retornou para Israel, onde permaneceu por um breve período. Ele precisou cruzar as fronteiras para não ser pego pela polícia, já que não tinha cumprido a pena de fraude no país natal. Então, voltou para a Europa, onde conheceu Cecilie, e mais um capítulo da história se iniciou para o criminoso.
Na verdade, o truque dele era “simples”: montar um esquema de enganar mulheres no aplicativo de relacionamentos e provar a elas que era muito rico, até ir se distanciando delas porque era um “homem de negócios” que sempre estava viajando a trabalho.
Após um tempo se relacionando à distância, ele enviava vídeos e mensagens que mostravam ele em “perigo” por conta do trabalho que exercia. Era nesse momento em que ele pedia o cartão de crédito da namorada para não ser rastreado e prometia que ia devolver o dinheiro – o que nunca acontecia.
Ele enviava cheques que não iam para lugar algum, fingia fazer transferências bancárias – que supostamente davam erro -, e ainda dava presentes bonitos, que eram falsos. Assim que as vítimas cobravam uma resposta sobre o dinheiro que foi “emprestado”, Leviev sumia.
Ele está preso?
Simon foi preso pelo Interpol em 2019 com um passaporte falso em um aeroporto na Grécia. Depois de ser procurado em países da Europa, Leviev foi deportado para Israel. No país de origem, ele negou todas as acusações contra ele, dizendo que nunca tirou nada das mulheres e que elas apreciavam a sua companhia.
Apesar da tentativa de defesa, ele foi condenado a 15 meses de detenção por roubo, falsificação ideológica e fraude.
Ele chegou a cumprir cinco dos quinze meses de prisão e foi liberado no início de 2020 por bom comportamento. Também foi levado em consideração uma política local adotada pelas prisões, que estavam superlotadas em meio a pandemia de Covid-19
Onde ele está atualmente?
Após um dia do lançamento do documentário, Simon desativou sua conta no Instagram. A última publicação feita por ele, 13 semanas antes de desativar, ele estava ao lado de uma Lamborghini vermelha. Leviev tinha alcançado a marca de 220 mil seguidores na plataforma e prometia falar sobre o seu lado da história.
No próprio documentário mostra que, após ser liberado da prisão, ele se tornou um homem livre em Israel, ostentando uma vida de luxo, com carros e roupas de grife. Com esquema exposto para o mundo, não se sabe de onde é a atual fonte de renda dele, mas é possível observar que a vida está ainda melhor que um pouco antes de ser preso, quando dizia que estava sem lugar para morar, comendo sobras nas praças de alimentações.
Tinder expulsa golpista do app
Revelado por reportagem de um jornal da Noruega, o homem foi banido do aplicativo de relacionamentos na última sexta-feira, 4 de fevereiro. “Realizamos investigações internas e podemos confirmar que Simon Leviev não está mais ativo no Tinder sob nenhum de seus pseudônimos conhecidos”, disseram representantes do Tinder.