Homônima faz postagem emocionante em homenagem a Marília Mendonça

Cantora e compositora deixou marcas na vida de muitos anônimos

07/11/2021 15:44

Ter o mesmo nome da cantora sertaneja mudou a vida de Marília Mendonça. O acaso a fez homônima da artista e, com o acidente aéreo da última sexta-feira, 5, ela foi às redes sociais relatar como foi dividir o nome com a famosa, agradecer e se despedir.

“As pessoas me tratavam melhor pelo simples fato de eu ter o mesmo nome do ídolo delas”, escreveu. Leia o relato:

 

 

Uns anos atrás comecei a receber uma quantidade imensa de solicitações de amizade no Facebook. Pouco presente em redes sociais desde sempre, eu imaginava que minha conta havia sido clonada quando fui alertada pelo “miltinholuiz” que deveria ser por causa de uma jovem cantora sertaneja, surgida há pouco, que tinha justamente o meu nome. Confesso que recebi a novidade com certo mau humor.

Mas o desconforto pelas piadinhas sem graça que imaginei que enfrentaria durou pouco. Pelo simples fato de que Marília era tão, tão amada que sobrou até pra mim um pouquinho desse afeto.

Sim, meus caros, as pessoas me tratavam melhor pelo simples fato de eu ter o mesmo nome do ídolo delas. A vendedora exausta no fim do expediente; o fiscal do shopping que tinha que atender, sem paciência, aos distraídos que haviam perdido o ticket do estacionamento; o gerente do banco que já estava no 20º cliente do dia… Todos abriam um sorrisão ao digitarem meu CPF no sistema e descobrirem meu nome: “É sério? Seu nome é Marília Mendonça mesmo?”. E já engatilhavam uma conversa, rostinho iluminado, humor restabelecido. E por mais que eu também estivesse exausta, sem paciência, na 20ª atividade do dia, retribuía o sorriso, entrava na brincadeira, me divertia.

Homônima faz postagem emocionante em homenagem a Marília Mendonça
Homônima faz postagem emocionante em homenagem a Marília Mendonça - Reprodução/Facebook

Foi com incredulidade que recebi nessa sexta-feira a notícia do acidente através das mensagens que começaram a pipocar no meu celular no fim da tarde. Sim, muitas pessoas quiseram me avisar, relembrar casos, até me ligaram para saber como eu estava. Pensa…

Nunca fui uma conhecedora do sertanejo, mas a admirava e a considerava um mulherão muito foda, revolucionária. E para além dos números que a tornaram o maior fenômeno da música brasileira dos últimos anos, Marília conseguiu ontem o impensável: unir um Brasil polarizado e já tão despedaçado por pandemia e desgoverno em torno da dor da sua partida. Numa semana difícil, em que já havíamos perdido um monstro sagrado, o pianista Nelson Freire.

Penso na dor da família neste momento. E faço minhas as palavras do Padre Fábio de Melo: “Não é só uma voz que se cala; é uma filha que se foi, é uma mãe que não volta. Quantos morrem naquele que morre? Com você, Marília, morreu uma multidão.”