Hospital dificulta investigação sobre vazamento do caso Klara Castanho
A casa de saúde negou ao Conselho Federal de Enfermagem o acesso ao prontuário da atriz
O hospital em que Klara Castanho ficou internada para fazer o parto da gravidez fruto de um estupro, tem dificultado a investigação dos profissionais envolvidos no vazamento dos dados sigilosos sobre a atriz.
A informação é do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), que alega que o hospital, pertencente à Rede D’Or, negou ao conselho, o acesso ao prontuário da atriz.
“O Coren-SP informa que solicitou o prontuário de atendimento da atriz vítima de vazamento de informações sigilosas ao hospital onde ela foi atendida, mas o acesso ao documento foi negado ao conselho pela instituição sob a justificativa de necessidade de autorização prévia da paciente, seguindo o previsto em resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) e no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem”, disse o Conselho em um post no Instagram.
A entidade ainda reforçou a necessidade do acesso ao prontuário médico de Klara Castanho para identificar a equipe que trabalhou no parto e tomar as medidas cabíveis.
Por fim, o Coren-SP se colocou à disposição de Klara para ajudá-la. “Desta forma, o Coren-SP se põe à disposição da atriz, caso isso seja de sua vontade, para orientação quanto aos procedimentos para encaminhamento de apuração da conduta dos profissionais de enfermagem que a tenham atendido ou de autorização para acesso ao prontuário”, diz a publicação.
A Rede D’Or afirmou, em nota enviada ao portal IG, que tem colaborado com as investigações, mas confirmou que não foi permitido acesso ao prontuário de Klara Castanho.
“O Hospital informa que está colaborando e mantendo contato com todas as autoridades envolvidas na elucidação do caso desde o início da apuração dos fatos. Cabe ressaltar que o hospital abriu suas instalações ao Coren-SP e disponibilizou a lista e contatos dos profissionais que atenderam a paciente. O prontuário, no entanto, é um documento de propriedade da paciente. É preciso ter a autorização expressa dela ou uma ordem judicial para que os dados sejam informados a terceiros.”
O caso Klara Castanho
No último sábado, 25, a atriz Klara Castanho, de 21 anos, revelou que foi estuprada e entregou o bebê para adoção, segundo permitido por lei.
Ela afirmou que queria manter o caso em sigilo por se tratar de questão de fórum íntimo e dolorosa, mas que acabou sendo exposta por uma live de Antonia Fontanelle e pelo colunista Leo Dias. O assunto repercutiu nas redes sociais e o caso gerou comoção no Brasil.
“Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que eu sofri. Eu fui estuprada”, contou a atriz.
“Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê. Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher. Eu não tinha (e não tenho) condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo o que eu ela merece ter. Entre o momento que eu soube da gravidez e o parto se passaram poucos dias”.
Abaixo, leia a carta escrita pela atriz Karla Castanho sobre o caso: