Mainardi detona Prevent e revela tentativa de ocultar covid da morte do pai
“É preciso intervir judicialmente na Prevent Senior. Essas fraudes refletem algo ainda mais pavoroso: a perversão assassina que acometeu o Brasil"
O jornalista Diogo Mainardi detonou a operadora de saúde Prevent Senior ao revelar que a seguradora tentou ocultar a covid-19 da morte de seu pai, o publicitário, jornalista e escritor Enio Mainardi, que morreu em agosto de 2020, aos 85 anos, por complicações da doença causada pelo novo coronavírus.
“É preciso intervir judicialmente na Prevent Senior, afastando sua diretoria. É claro, porém, que essas duas fraudes refletem algo ainda mais pavoroso: a perversão assassina que acometeu o Brasil durante a epidemia, em que a insanidade bolsonarista foi manobrada por um bando de quadrilheiros, a fim de ocultar 600 mil mortes na vala comum da idiotice e da barbárie. O dever de todos aqueles que, como eu, perderam seus afetos para o vírus é revirar seus cadáveres e trancar os criminosos na cadeia”, declarou.
Mainardi publicou uma coluna na revista “Crusoé” Mainardi e chegou a comparar os casos do médico Anthony Wong e de Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang, e que estão em investigação pela CPI da Covid, ao caso do seu pai.
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Documentos que estão com a CPI da Covid, e aos quais a GloboNews teve acesso, apontam que Wong e Hang tiveram os prontuários médicos modificados pela Prevent Sênior.
“Assim como meu pai, eles morreram de Covid. Assim como meu pai, eles estavam internados no hospital Sancta Maggiore. Assim como meu pai, houve a tentativa de ocultar a causa de suas mortes”, escreveu o jornalista.
O jornalista ainda disse que a médica Nise Yamaguchi, investigada na CPI da Covid como integrante de um gabinete paralelo do Palácio do Planalto, que agia para interferir nas diretrizes do governo e do Ministério da Saúde sobre a pandemia, fez parte do conluio para mascarar a morte do pai de Diogo Maionardi, em um hospital Prevent Senior.
“Quando anunciei sua morte, os bolsonaristas abarrotaram as redes sociais com mentiras, negando que ele houvesse morrido de Covid. Nise Yamaguchi, a principal animadora do gabinete paralelo do Ministério da Saúde, encarregou-se pessoalmente de espalhar falsidades sobre ele em grupos de WhatsApp”, afirmou Diogo Mainardi.
“Na véspera de sua morte, conversei com a médica que o atendia na UTI. Ela disse que o vírus havia atingido seu rim (ele só tinha um). Ela disse também que, com toda a probabilidade, meu pai havia sido infectado no próprio hospital, depois de ser internado com uma pneumonia”, completou o jornalista.
Segundo Diogo Mainardi, ele não falou sobre otema até agora para evitrar que o nome de seu pai “fosse novamente conspurcado pelos bolsonaristas, que o usaram para acobertar seus crimes”.
Diretor da Prevent Sênior admite mudança de diagnóstico
Durante depoimento na CPI da Covid, Pedro Benedito Batista Junior, diretor-executivo da Prevent Senior admitiu que a operadora pedia para médicos a modificarem, após algumas semanas de internação, o código de diagnóstico (CID) dos pacientes que deram entrada, nos hospitais da seguradora de saúde, com covid-19.
Foi durante o depoimento do diretor da Prevent Senior, que a mensagem que pedia a mudança de diagnóstico de covid-19 após algumas semanas de internação, foi exibida na GloboNews, nesta quarta-feira.
O texto exibido pela GloboNews mostrava que a Prevent orientava a necessidade de “padronizar” o CID. “Após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apto) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/Leito híbrido), o CID deve ser modificado para qualquer outro exceto o B34.2 (código da Covid-19) para que possamos identificar os pacientes que já não têm mais necessidade de isolamento. Início imediato”, informava mensagem encaminhada por um diretor.
Batista Júnior afirmou que “todos os pacientes com suspeita ou confirmados com Covid, na necessidade de isolamento, quando entravam no hospital, precisavam receber o B34.2, que é o CID de Covid”.
“E, após 14 dias — ou 21 dias para quem estava em UTI —, se esses pacientes já tinham passado dessa data, o CID já poderia ser modificado porque eles não representavam mais risco à população do hospital”, acrescentou o diretor da Prevent.
A assessoria de imprensa da Prevent Senior enviou uma nota ao portal G1, logo após Batista Júnior dar as declarações acima à CPI, dizendo que a mudança do código “se dava num sistema informatizado de gestão interna de leitos”. “As notificações oficiais de casos e mortes de Covid não eram nem são afetadas por estes procedimentos administrativos”.