Marília Gabriela lembra que saiu chorando de debate da Globo

Em entrevista a Pedro Bial, apresentadora também falou sobre o início da carreira e sobre feminismo

Marília Gabriela no programa “Conversa com Bial”
Créditos: reprodução/TVGlobo
Marília Gabriela no programa “Conversa com Bial”

No programa “Conversa com Bial”, exibido nesta sexta-feira, 7, a apresentadora Marília Gabriela falou sobre carreira e vida pessoal. Em um dos momentos da entrevista, a produção do programa exibiu uma série de debate da campanha presidencial de 1989, mediado pela jornalista. Após assistir ao vídeo, Gabi revelou que saiu chorando do primeiro encontro com os presidenciáveis.

“Era uma noite gloriosa, a primeira eleição após a ditadura militar. Saí de lá, o diretor de jornalismo veio falar comigo e eu comecei a chorar. Não ganhava para aquilo. Queria salário insalubridade”, disse a jornalista a Pedro Bial.

O que incomodou Marília Gabriela foi a insubordinação dos candidatos que em diversos momentos se exaltaram e descumpriram as regras do debate.

“Eu ganhava muito mal nessa época, fui lá fazer o trabalho. Eu sou CDF com trabalho mesmo, mas era um sofrimento. Eram os homens que queriam ser presidentes da República. No que eu fiz sozinha, tinham 22 candidatos mais os assessores. Então, uma hora eu cortei o microfone de Brizola, que ficou ofendido, ficou brigado comigo. Quando eu olho pra cá e vejo o Mercadante dizendo para o Lula: ‘Ela está protegendo o Brizola” E eu: Comigo não que eu estou ouvindo”.

O apresentador por sua vez comentou: “Comparado aos debates de hoje em dia, tudo certinho, essa bagunça era muito mais divertida”.

Assista a um trecho do debate que Marília Gabriela se referia aqui:

Carreira na Globo

Marília Gabriela também comentou como conseguiu emprego na Globo. Segundo ela, cara de pau e sorte foram dois fatores que a ajudaram. Sem ter nenhuma experiência como repórter, ela procurou o diretor do Jornal Nacional  e pediu uma vaga. “Ele perguntou para mim se eu tinha experiência e eu disse não. E, então, ele perguntou por que eu achava que ia fazer isso bem. Eu falei: ‘Porque eu acho que vai ser a única coisa que eu vou saber fazer na minha vida’. Aí ele falou  para eu ir no dia seguinte para começar o estágio. Eu fui e faltou um repórter. E foi assim que começou”, lembrou.

A mesma atitude ela teve quase duas décadas depois, quando – cansada da rotina de repórter – pediu emprego para o diretor Nilton Travesso, da TV Mulher. “Fui atrás dele e pedi para apresentar o programa”.

A atração feminina foi comandada por ela de 1980 a 1984 e revolucionou a TV na época  por debater assuntos tidos como tabus como comportamento sexual e direitos femininos.

Ao abordar o tema feminismo com Bial, Marília afirmou que não enxerga os homens como seus rivais e que tudo que é radical a incomoda. A apresentadora, no entanto, ressaltou que o mundo ainda é desigual no que diz respeito à diferença de gênero. “Em determinados países, inclusive no nosso, isso ainda é muito visível. Temos índices de feminicídio assustadores. Estamos na vida corporativa, mas não temos paridade salarial. Evoluímos muitíssimo, mas ainda há muito há que se pensar”, afirmou.