Mulheres Apaixonadas: Atriz revela que gravou sob efeito de ayahuasca

Segundo Paula Picarelli, na época da novela, ela vivia uma paranoia; Entenda:

13/11/2020 23:47

A atriz Paula Picarelli que interpretou a personagem Rafaela, par romântico de Aline Moraes (Clara), na novela Mulheres Apaixonadas (2003), da TV Globo, atualmente reprisada pelo canal pago Viva, revelou nesta sexta-feira, 13, que gravou cenas do folhetim sob efeitos de ayahuasca – um chá alucinógeno utilizado em rituais espirituais.

Mulheres Apaixonadas: Atriz revela que gravou sob efeito de ayahuasca
Mulheres Apaixonadas: Atriz revela que gravou sob efeito de ayahuasca - Reprodução/TVGlobo

“Entro no boxe e abro a garrafa com ayahuasca que Alma tinha me dado. Tomo uma colher. ‘Tome somente uma colher’, sua voz ecoa na minha cabeça, como um flashback de novela mexicana. Tomo mais uma, e mais outra”, contou Picarelli.

“Quarenta minutos depois, ouço meu nome, me chamam para a gravação. Estou completamente pegada e penso, agora como a narração de um filme de terror trash: ‘Estou em transe e vou passar mal em rede nacional'”, continuou a atriz de Mulheres Apaixonadas.

A atriz contou que vivia uma “paranoia”, na época em que a novela foi gravada e adotou rituais religiosos para enfrentar o medo e aflição que sentia.

“Em 2003, enquanto gravava a novela Mulheres Apaixonadas, eu estava imersa num culto religioso. Todos os dias, ao acordar de manhã até me deitar, tudo o que eu pensava e sentia era medo. O mundo oculto que eu acreditava existir me assustava, perseguia, atacava, e eu passava a maior parte do meu tempo tentando me proteger, enviando anjos, segurando cristais, uma infinidade de práticas e comandos mentais. A novela foi o ápice dessa paranoia. eu vejo hoje esse medo no meu corpo quando me assisto nas cenas da novela. no livro ‘Seita – o dia em que entrei para um culto religioso’, eu crio uma ficção para tentar entender e expressar o que vivi e quem sabe, tornar essa experiência útil de alguma maneira”, contou a atriz.

Ayahuasca, Santo Daime e as religiões amazônicas

Consumido há milênios pelas comunidades indígenas do Brasil, Peru e Equador, o ayahuasca é alvo de pesquisas por neurocientistas, farmacologistas e psiquiatras. Sua popularidade começou a ultrapassar as fronteiras amazônicas através do seringueiro maranhense Raimundo Irineu Serra que após consumir o chá na década de 1920 teve uma epifania.

Irineu viu Nossa Senhora da Conceição e sob o efeito alucinógeno do ayahuasca criou a doutrina do que viria a ser conhecido como Santo Daime, que ao lado de outras religiões fundadas com base no consumo do chá como a União do Vegetal e Barquinha, tem difundido seu consumo com fins espirituais.

Apesar de o uso do chá para fins religiosos ter sido liberado pelo governo brasileiro desde 2010, seu comércio e propaganda são proibidos.