Profissão Repórter flagra suspeita de assédio eleitoral pró Bolsonaro
'Falaram que teria que votar no 22 ou não teria mais verba', revelou uma moradora de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul
Uma reportagem realizada pelo jornalista Caco Barcellos e a equipe do Profissão Repórter, da TV Globo, veiculada nesta terça-feira, 1º, flagrou uma suspeita de assédio eleitoral e de compra de votos em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), organizada pela prefeitura de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, faltando menos de 48h para o segundo turno das eleições, que ocorreu no domingo, 30.
O Profissão Repórter encontrou beneficiários do Auxílio Brasil convocados para participarem de reuniões com funcionários da prefeitura, onde eles eram ameaçados com o corte de verbas do auxílio ou da descontinuação de projetos financiados pelo governo federal, caso Bolsonaro não fosse eleito.
“Eles chegaram lá e falaram sobre o Auxílio Brasil. E foi só sobre política. Que teria que votar no 22 (número da urna de Bolsonaro), porque não teria mais verba para vir para cá (município), pararia de fazer o asfalto, as escolas. Se você chega lá e está precisando, se precisa do auxílio para sobreviver e o vale renda, você muda seu voto na hora. Pediram para colocar o nome, o documento e telefone. Para mim, aquilo foi uma pressão”, diz uma moradora.
- Ministra de Bolsonaro deixa o PL após ser flagrada abraçando Lula
- Jornalista da Globonews ironiza ao vivo vizinho que foi a ato bolsonarista
- Jair Bolsonaro finalmente se pronuncia ao povo
- Vídeo de jornalistas da Globo comemorando derrota de Bolsonaro viraliza
“Antes não tinha essa reunião, não. Disse que era para assinar o negócio do Bolsa Família. Aí ontem que eu ouvi falando que, quando acaba a reunião, o Rudi [Rudi Paetzold, ] dá R$ 50 para cada um. Rudi é o prefeito daqui”, contou uma mulher que mora ao lado de onde aconteceu as reuniões.
“Tem a ver de demonstrar o que o presidente e o governador está fazendo pelas pessoas”, disse uma das funcionárias da prefeitura.
O prefeito da cidade negou ter organizado as reuniões e disse não estar no município nas datas. Segundo ele, os encontros foram organizados pela Secretaria de assistência social e não tem nada a ver com ele.
O Profissão Repórter prometeu seguir investigando o caso, mesmo tendo sido avisado por moradores da cidade do Mato Grosso do Sul que era ‘complicado’ seguir com a apuração da suspeita de assédio eleitoral.