Telescópio James Webb confirma que há algo seriamente errado com nossa compreensão do universo

Telescópio James Webb valida mistério da expansão universal.

22/09/2025 07:56

Desde a década de 2010, um dos temas mais discutidos no universo da astronomia é a chamada Hubble Tension, uma discrepância que desafia a compreensão atual do cosmos. Observações recentes dos telescópios James Webb (JWST) e Hubble têm trazido mais clareza, mas ao mesmo tempo aumentaram o mistério sobre a real taxa de expansão do universo. Esses achados sugerem que pode haver falhas profundas nas teorias que explicam o funcionamento e a evolução do universo.

A expansão do universo era vista com certa unanimidade até pouco tempo atrás. Entretanto, diferentes métodos de medição têm mostrado valores conflitantes para a velocidade com que as galáxias se afastam entre si. O estudo liderado pelo astrofísico Adam Riess, publicado em fevereiro de 2025, coloca em evidência que o problema persiste mesmo após múltiplas verificações independentes. A precisão inédita permitida pelo JWST praticamente elimina a hipótese de erro de medição, aumentando a relevância do enigma para a cosmologia moderna.

O que é a Hubble Tension?

A expressão Hubble Tension foi criada para descrever o impasse entre dois métodos consagrados de calcular o chamado constante de Hubble, o parâmetro que indica a taxa de expansão do universo. O primeiro método relaciona-se às minúsculas variações registradas no fundo cósmico de micro-ondas, relíquia da infância do universo e mapeada com grande precisão pelo satélite Planck da Agência Espacial Europeia. Este método calcula que o universo se expande a aproximadamente 67 km/s por megaparsec.

Já o segundo método baseia-se no estudo das estrelas Cefeidas, estrelas pulsantes que funcionam como “faróis cósmicos”, ajudando a medir distâncias extragalácticas de forma escalonada, em uma espécie de escada de distâncias cósmicas. Utilizando esse procedimento, a equipe de Riess e outros grupos estimaram a constante de Hubble em torno de 74 km/s por megaparsec, valor consideravelmente superior ao obtido via fundo de micro-ondas.

A expansão do universo era vista com certa unanimidade até pouco tempo atrás – Créditos: (depositphotos.com / Jbruiz)
A expansão do universo era vista com certa unanimidade até pouco tempo atrás – Créditos: (depositphotos.com / Jbruiz)

Por que os valores são diferentes?

Os especialistas se debruçaram sobre possíveis falhas instrumentais, limites de resolução e contaminação da luz observada. Inicialmente, muitos astrônomos cogitaram que a superposição de estrelas próximas atrapalhava as leituras feitas pelo Hubble, mas o recente emprego do James Webb foi decisivo. O JWST, com sua altíssima resolução, analisou mais de mil Cefeidas em cinco galáxias a até 130 milhões de anos-luz de distância e validou os resultados anteriores, reforçando a confiabilidade das medições com as Cefeidas.

  • Fundo Cósmico de Micro-ondas: Baseado em dados remanescentes da formação inicial do universo.
  • Cefeidas: Análise de estrelas pulsantes para calcular distâncias e taxas de expansão a partir de galáxias próximas.

Como as novas medições afetam nosso entendimento do universo?

Com as informações reunidas pelas duas missões espaciais, a hipótese de erro sistemático foi praticamente descartada. A diferença nos valores sugere a existência de fenômenos ainda desconhecidos ou incompreendidos em larga escala. Alguns físicos e astrônomos especulam que pode ser necessário repensar elementos fundamentais da cosmologia, incluindo a natureza da energia escura e das forças que atuam no universo primordial.

Caso se confirme que não há explicação nos métodos de medição, a Hubble Tension pode levar ao surgimento de novas teorias sobre a origem e o destino do universo. Entre as possibilidades discutidas, está o ajuste das leis da física para além do modelo atual, tornando o tema ainda mais relevante para ciência em 2025.

O futuro das pesquisas sobre a constante de Hubble

A busca pela solução desse impasse mobiliza astrônomos de diversos países e instituições. Projetos futuros pretendem aliar ainda mais dados do JWST, além de ajustes em metodologias paralelas que envolvem galáxias supernovas, lentes gravitacionais e ondas gravitacionais. O consenso entre especialistas é que a resposta para a Hubble Tension pode ser a chave para uma nova era na astronomia.

  1. Ampliação das medições com novas técnicas observacionais.
  2. Integração de dados provenientes de missões como o JWST e telescópios terrestres.
  3. Estudos teóricos buscando acomodar os resultados em modelos cosmológicos inovadores.

Enquanto a solução definitiva não aparece, o tema segue como foco de discussões e pesquisas. O mistério da expansão do universo permanece não apenas como um desafio técnico, mas como uma porta aberta para uma compreensão mais profunda das origens e do funcionamento do cosmos.