Vídeo: Acusada de transfobia, dupla sertaneja muda letra de música ‘Lili’

A versão original fala sobre um homem ter se sentido enganado depois de ter conhecimento que sua amante é uma travesti

23/12/2020 17:28

Foi protocolado nesta última segunda-feira, 21, uma notícia-crime para que o Ministério Público de Goiás apure o caso de transfobia da música “Lili”, que tinha sido lançada pela dupla sertaneja Pedro Motta e Henrique.

Acusada de transfobia, dupla sertaneja muda letra de música ‘Lili’
Acusada de transfobia, dupla sertaneja muda letra de música ‘Lili’

Depois da polêmica que a música causou, a dupla decidiu mudar a letra. A versão original fala sobre um homem ter se sentido enganado depois de ter conhecimento que sua amante é uma travesti.

No vídeo publicado recentemente, os artistas cantam a nova versão e ainda fala sobre os dados mostrando o número de trans e travestis mortas no país.

Assista ao vídeo

https://twitter.com/mariahmorgadoo/status/1341791325600006150

“Nos posicionamos muito mal da primeira vez, mas errar é o humano”, disseram os sertanejos. Nesta nova letra, os namorados vão a um motel e dessa vez, ao descobrir que Lili é travesti, o homem fala que a namorada será “sempre a sua menina”.

Antes de mudar a letra, a dupla tinha se defendido no Instagram. “Estão nos chamando de homofóbicos. A gente não está aqui para menosprezar a imagem de vocês. Pelo contrário, a música diz que o amor da nossa vida é uma travesti. A gente pede desculpas a todos vocês que estão interpretando mal a música. Sabemos que vai ter polêmica, mas nos desculpem”, afirmam em vídeo.

A música também repercutiu mal nas redes sociais. As plataformas de streaming de áudio, Deezer e Spotify retiraram a musica de seus respectivos catálogos. A Deezer ainda se pronunciou abertamente no Twitter: “Não compactuo com transfobia. Já retirei a música de minha plataforma”.

Apesar do clipe de “Lili” ainda estar no YouTube, o vídeo foi retirado da busca da ferramenta.

Transfobia é crime!

Apesar de transfobia e homofobia não serem a mesma coisa – um diz respeito à violência contra a identidade de gênero e o outro à orientação sexual – a criminalização da homofobia pelo STF, em junho de 2019, se estende a toda comunidade LGBT e também equipara atos transfóbicos ao crime de racismo. Nesta matéria aqui, explicamos como denunciar esse tipo de crime.

Mulheres trans e Lei Maria da Penha

Outra lei que protege as mulheres trans, em especial, da transfobia é a Lei Maria da Penha. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em maio de 2019, um projeto que inclui mulheres transgêneras e travestis na Lei de proteção à mulher.

A proposta altera um artigo da lei que diz “toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião” não pode sofrer violência, incluindo o termo “identidade de gênero”. A proposta está parada na Câmara e especialistas preveem que caráter mais conservador dos Deputados será um obstáculo.

Entretanto, há casos de transfobia julgados como violência doméstica. Em maio de 2018, uma decisão inédita da Justiça do Distrito Federal indicou que os casos de violência contra mulheres trans podem ser julgados na Vara de Violência Doméstica e Familiar e elas devem ser abarcadas em medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha.