Youtuber de maquiagem, Nikkie de Jager revela ser mulher transgênero

Ela tem mais de 1,1 bilhão de visualizações, 12,5 milhões de inscritos e resolveu falar do assunto após sofrer chantagem

Nikkie de Jager, youtuber de maquiagem do canal NikkieTutorials, revelou ser uma mulher transgênero, em um vídeo publicado em suas redes sociais, nesta segunda-feira, 13.

Youtuber de maquiagem, Nikkie de Jager revela ser mulher transgênero
Créditos: Reprodução/Instagram
Youtuber de maquiagem, Nikkie de Jager revela ser mulher transgênero

“Quando eu era mais jovem, nasci no corpo errado, o que significa que sou transgênero. É tão surreal dizer isso”, afirmou a youtuber.

Nikkie contou que tomou a decisão de contar porque foi chantageada por pessoas que queriam revelar suas intimidade. Para não cair na pressão, ela resolveu ela mesma contar e ainda disse que não havia feito isso, até hoje, porque não gosta de rótulos.

Ela comentou que sempre se identificou como mulher, desde quando tinha seis anos de idade. “Quando eu tinha 19 anos, já havia feito a transição completa. Eu mudei enquanto já estava no YouTube.”

O canal da youtuber conta com mais de 1,1 bilhão de visualizações e 12,5 milhões de inscritos. No Instagram ela tem mais de 13 milhões de seguidores. O canal do YouTube está no ar desde que ela tinha 14 anos.

Veja o vídeo de Nikkie:

Após perceber-se com um gênero diferente do que lhe foi atribuído ao nascer, uma pessoa transgênero passa a enfrentar uma verdadeira luta para viver sua identidade. Especialmente no Brasil, onde casos de transfobia são recorde mundial.

Como fazer para não praticar transfobia e respeitar a identidade trans

Identidade de gênero é como a pessoa se enxerga no espelho, seja como mulher, homem ou outra denominação dentro do espectro de gênero.

Pessoas que se identificam com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer são consideradas cisgênero ou cis, na abreviação. Por exemplo, se ao nascer o bebê é registrado como menino e ao longo da vida ele continua se identificando dessa forma, ela é uma homem cis. Se essa pessoa não se identificar com seu sexo biológico, ela é transgênero ou somente trans.

Há também aqueles que não se identificam com nenhum gênero em específico. Essas pessoas são denominadas não-binárias, ou seja, não se identificam como homem ou como mulher.

Vale lembrar duas coisinhas: identidade de gênero não é uma ideologia e, muito menos, tem a ver com a orientação sexual de uma pessoa. Tanto pessoas cis quanto pessoas trans podem ser hétero, bi ou homossexuais.

Transexual x Transgênero x Travesti

  •  Transexual

Há um tempo, esse termo era usado para falar sobre pessoas transgênero mas caiu em desuso para não dar a impressão de que ser trans é uma orientação sexual.

  • Transgênero

Este termo é usado atualmente para abarcar as pessoas trans. Por exemplo: um homem transgênero é aquele que foi identificado como mulher ao nascer e passou a se reconhecer como homem, enquanto, da mesma forma, a mulher transgênero é aquela que foi designada homem ao nascer mas, na verdade, se identifica como uma mulher.

  • Travesti

Travesti é um termo mais comum no Brasil, na Espanha e em Portugal (e em pesquisas do RedTube), e já foi usado como xingamento transfóbico e também para denominar uma mulher trans que não desejava passar pelo processo de readequação genital, mas não se aplica mais. Hoje o termo travesti é comumente usado para empoderamento e resistência da comunidade.

A diferença entre as três denominações é de auto identificação. Caso esteja na dúvida e não quer cometer um ato de transfobia, use apenas o prefixo trans ou pergunte à pessoa como ela se identifica.

Meu corpo, minhas regras!

Evite fazer perguntas sobre o corpo da pessoa trans, se já fez cirurgia ou hormonioterapia principalmente. Um homem ou uma mulher transgênero não necessariamente deseja mudar sua aparência ou genitais para se identificar com seu gênero, e questioná-los é desrespeitoso.

Nome social é Lei!

Um caso clássico de transfobia é a exposição do nome civil de uma pessoa trans. Atualmente, o decreto Nº 8.727, assinado em abril de 2016 pela então presidenta Dilma Rousseff, reconhece a identidade de gênero de pessoas travestis e transgênero e o uso de seu nome social.

O decreto procura diminuir casos de constrangimento e assegura que as pessoas transgêneras consigam viver em sociedade e ter sua identidade real respeitada. Então, se você trabalha com atendimento ao público, por exemplo, não exponha o nome civil, use somente o nome social.

Sem ISMO

A transexualidade, assim como a homossexualidade, por muitos anos foi considerada um transtorno mental pela Organização Mundial da Saúde. Mas em 2019, a instituição retirou a classificação da 11º versão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde (CID).

Antes dessa formalidade, já era amplamente discutido que transgêneros não são pessoas doentes, por isso, evite a palavra “transexualismo” pois o sufixo ISMO remete à doença e é transfóbico.

Para não ficar chato, use sempre transexualidade e não caia no erro comum que pode te levar a praticar transfobia. Para mais informações, clique aqui.