‘Eu te amo’ transforma o homem que fala e fortalece o que ouve

‘Seja homem, diga eu te amo’ busca desconstruir a imagem de que ser homem é não demonstrar sentimentos

16/07/2019 13:10 / Atualizado em 15/06/2024 23:09

Sabe aquela imagem de pai fechadão, de um homem que não demonstra tão facilmente carinho e sensibilidade com seus filhos? Pois bem, ela está sendo desconstruída e pelas mãos das novas gerações, que não sentem sua masculinidade abalada ao dizer “eu te amo”. Para desmistificar esses conceitos cada vez mais ultrapassados e carregados de machismo, neste Dia dos Pais a marca Natura Homem da Natura lança a campanha #HomemPra Dizer eu te amo.

Falar “eu te amo” é tocante, assim como ouvir o primeiro “eu te amo” de seu filho. O jovem Igor Felipe, de 24 anos, é pai de Noah, 4 anos, e Marina, de 1 ano e meio, e não esquece os gestos de carinho dos pequenos, tão pouco o primeiro “eu te amo” que escutou. “É uma sensação única e inexplicável”, relata em tom de alegria. Mas, por qual motivo ainda existe uma barreira que impede o homem de expor seus sentimentos?

Segundo levantamento do site Papo de Homem, em conjunto com a Natura, 50,9% dos homens tem o pai como referência de masculinidade, mas só 1 a cada 10 falou com ele sobre isso, sem contar que 7 em cada 10 deles não foram ensinados a demonstrar fragilidade. Sendo assim, fica difícil sair do casulo.

“Eu fui criado vendo que mostrar sentimento tanto pra mulher quanto pra outra pessoa não era coisa de homem. Demonstrar sentimento era só para os pais mesmo”, diz Igor. O conceito do que é ou não uma atitude masculina está presente não só na vida dele, mas na de boa parte dos brasileiros.

O machismo é apontado como o principal responsável pela manutenção deste estereótipo que atravessa gerações e prejudica, desde a construção social dos garotos até os relacionamentos afetivos. Nesse panorama, quem exerce a sensibilidade e ousa se abrir, colabora com a quebra de tais paradigmas.

“Eu sempre falo eu te amo para meus filhos e também escuto. Eu acho que o que você fala reflete muito na cabecinha deles. Teve uma vez que eu peguei o Noah olhando pra mim com um olhar tão admirador que eu perguntei ‘o que foi filho, o que você tá olhando’?  Então ele parou e falou ‘nada pai, eu só queria ser você’. Depois daquilo eu vi que a forma que ele olhou pra mim e a forma que eu estou conduzindo as coisas tá funcionando, eu creio que é isso”, conta o orgulhoso papai.

Família reunida: Igor sorri ao lado de seu pai Genaldo e dos filhos Marina e Noah
Família reunida: Igor sorri ao lado de seu pai Genaldo e dos filhos Marina e Noah - Arquivo pessoal

Optar por uma criação mais acolhedora é uma medida que gera resultados e cada vez mais os responsáveis pela nova geração de crianças estão aderindo ao método. Fábio Marabesi tem 33 anos e seu filho Caetano está com 1 ano e sete meses. Ele relata que cresceu recebendo muito carinho na infância e que a figura paterna que teve era sensível e até chorava em situações amorosas. Tal relação diz muito sobre como foi sua relação com as questões sentimentais masculinas e é claro, com a paternidade.

“Fez muita diferença o posicionamento do meu pai comigo, mas eu ainda faço muita coisa que ele não fazia. Eu acho que é uma tendência dos pais que querem realmente se envolver, participar, ter uma paternidade mais ativa desde o começo, principalmente numa relação com a mãe neste contexto de estrutura patriarcal. Temos que mudar essa visão machista”, pontua Fábio.

“O Caetano gosta muito de livrinhos, né? Daí em um livrinho tinha um coração escrito eu te amo numa história que chama “O papai é pop”. Eu mostrei um coração e falei que tava escrito ‘eu te amo’, então ele olhou pra trás, apontou o coração e falou ‘papai’. Agora quando ele pega o coração, aponta e fala papai. Eu entendo que ele tá associando o coração com ‘eu te amo’, que significa afeto e tudo mais, comigo né? É engraçado essas reações porque ele vai associando com alguma coisa que é boa pra ele”, completa.

Fábio Marabesi ao lado do filho Caetano
Fábio Marabesi ao lado do filho Caetano - Arquivo pessoal

Pensando justamente na quebra de paradigmas e incentivando o aumento da liberdade emocional masculina, a campanha Homem pra dizer eu te amo da Natura Homem, dissemina a hashtag #HomemPra e as atitudes que constroem este novo modelo evoluído. Com o propósito de combater ideias preconceituosas.

Ao falar em “ser homem pra” brota quase que automaticamente uma ligação com coisas negativas, referentes a masculinidade tóxica, como: ser homem pra não chorar, pra não levar desaforo pra casa, pra ser forte o tempo todo. Um falso fortalecimento de gênero que resulta em muita dor e sofrimento, para homens e mulheres.

Os dois papais apresentados aqui ainda estão criando e fortalecendo laços afetivos com suas crianças, nos momentos de dúvidas podem procurar informações em sites especializados ou consultar variados profissionais. Recursos que as antigas gerações não tinham. Então, como um homem que foi criado com tantas barreiras emocionais quebrou a crença de que demonstrar carinho não é coisa de macho e tornou-se um pai amoroso e sensível? O paulista Cristiano Xavier, que criou 5 filhos e já tem dois netos é esse cara.

 
Da esquerda pra direita – Gabriel, Kaoane, o papai Cristiano, Agatha, Dener e Tayla
Da esquerda pra direita – Gabriel, Kaoane, o papai Cristiano, Agatha, Dener e Tayla - Arquivo pessoal

“Meu pai era carinhoso da maneira dele por conta de não ter tido um bom relacionamento com meu avô. Na minha criação, não demonstrar carinho ficava mais relacionado a não demonstrar fraqueza”, conta.

Cristiano tem de 45 anos e nasceu na metade da década de 70, período em que as mulheres começavam a ter mais espaço na sociedade e o machismo não era combatido como nos dias de hoje, mesmo assim, ele seguiu na contramão destas ideias e foi um pai diferente.

“Na minha opinião demonstrar sentimentos deveria ser coisa de ‘ser humano’, hoje meu pai mora com Deus e nossa aproximação em questão de dizermos o quanto nos amávamos se deu mais no final da vida dele. Hoje percebo quanto tempo perdemos”, relata emocionado.

“Com meus filhos houve um efeito contrário. Acredito que de alguma forma eu senti falta de uma proximidade maior do meu pai, então desde a barriga procurei demonstrar o amor que tenho por eles”, relata o progenitor de Kaoane 28, Dener 24, Tayla 22, Gabriel 19 e Agatha 17.

A Natura acredita que muitos homens passam uma vida inteira sem se abrir e perdem a oportunidade de dizer o que sentem para as pessoas que são importantes. No caso, as três palavras “Eu te amo” podem fazer mudanças incríveis, trazendo segurança, fortificando laços, aquecendo o coração e transformando completamente as relações.

Além disso, a liberdade de expor os sentimentos ajuda na criação de meninos mais confiantes e seguros para a vida, gerando adultos emocionalmente mais capazes de viver uma masculinidade sensível, sincera e livre de preconceitos. “Eu te amo” transforma quem fala e fortalece quem ouve.

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