Pimenta: Qual arde mais? Qual escolher?
Geralmente, pimenta é “8 ou 80” – ou você gosta, ou odeia… Mas tem tantos tipos diferentes que acreditamos que todo mundo gosta de pelo menos um. Descubra qual combina mais com você (ou com sua receita)!
Como pode um alimento tão picante, que às vezes gera até desconforto, cair no gosto do mundo todo? Pois saiba que os especialistas têm uma boa explicação. Segundo a pesquisadora de hortaliças do Instituto Agronômico de Campinas, Arlete Marchi Tavares, o cérebro interpreta a pungência (o ardor da pimenta) como uma queimadura e libera endorfina para aliviar o desconforto. “Com a liberação de endorfina, a pessoa sente bem-estar e então o alimento pode até se tornar um vício.”
Seja em pó, cápsula, “in natura”, molho, tempero, madura ou verde, o fato é que todos nós somos apreciadores de uma boa pimentinha, seja das mais ardidas, que nos fazem suar, ou das delicadas e sutis, que só vêm “saborizar” e aromatizar os pratos. Preparem os talheres e escolha a sua preferida.
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Pimentas que passam despercebidas
Pimenta-biquinho (ardência 0)
Se fosse preciso colocar o grau de ardência das pimentas numa escala de zero a dez, a biquinho ficaria com nada mais nada menos que zero. Extremamente saborosa – e sem ser picante – é muito usada para decorar pratos, além de ser bem-vinda no preparo de molhos, peixes e carnes. Ah, não podemos esquecer que um dos modos em que é mais consumida e, inclusive, que a deixou famosa é em conversa.
Pimentão (ardência 1)
Há quem diga que pimentão não é pimenta, mas nesse caso qualquer semelhança não é mera coincidência. Sejam amarelos, verdes ou
vermelhos (a cor apenas indica que estão em pontos de maturação diferentes), o que reina é o toque levemente adocicado. Próximo à biquinho, no sentido de não causar ardor, seu toque picante passa despercebido facilmente.
Pimenta-do-reino (ardência 1)
Muito comum, seu uso foi disseminado por diversas culinárias do mundo todo. No Brasil, ainda é mais consumida em pó, apesar de o ideal ser comprar o grão inteiro e moer na hora do preparo do prato. A origem é indiana, mas ela, definitivamente, não tem limites, e pode ser usada em qualquer especialidade. Assim como o sal, realça o sabor de um prato (na maioria das vezes,, sem acrescentar toques picantes).
Pimenta-rosa (ardência 2)
Apesar do nome sugerir, a pimenta-rosa não é propriamente uma pimenta, mas a semente de uma árvore chamada aroeira. Se popularizou dessa maneira pelo leve calor que libera à língua ao ser mordida (mas, ainda assim, nem se compara com as que vêm a seguir!). Tem um fundinho adocicado e, por sua aparência delicada, é também muito usada na decoração de pratos.
Pimentas que dão um gostinho a mais
Dedo-de-moça (ardência 5)
É com uma das pimentas mais populares no Brasil que a língua começa a ficar dormente. É claro, tudo vai depender da quantidade que usar, afinal, a que estamos falando é de ardência mediana. Deixam um gostinho a mais, mas sem tirar o fôlego. Pode ser usada em molhos, saladas, cozidos e para temperar feijão. Quando ressecada e moída, é conhecida pelo nome de pimenta-calabresa.
Pimenta-longa (ardência 3)
O pouco ardor que causa ao paladar equilibra-se num sabor levemente adocicado. O que isso indica? Que combina perfeitamente com
queijos temperados e molhos para carnes. Apesar de ser uma das mais antigas pimentas conhecidas pelo homem, é mais comum na culinária marroquina do que em qualquer lugar no mundo.
Jalapeña (ardência 5)
Mais conhecida por ser usada no molho chipotle, é típica da culinária mexicana e super popular na América do Norte. Justamente pela boa quantidade de polpa, é mais comum para se usar em molhos do que “in natura” ou em pó, mas também é possível encontrá-la nessas formas. Extremamente aromática, também é indicada para o preparo de geleias e bebidas.
Pimenta-de-cheiro-do-norte (ardência 3)
Amarela, laranja ou preta, é típica da culinária da região norte do país. Delicada, é mais aromática do que picante. Indicada para arroz, saladas e pratos à base de peixe.
Pimenta-de-cheiro (ardência 5)
Espécie de pimentas aromáticas de perfume marcante. Sua cor amarelada é transmitida aos cozidos, ensopados e conservas feitas com ela. Ai de quem pensa que não é picante. É moderada, mas já dá para notar!
Cumari (ardência 4)
De ardência média e cor amarela, é comum no preparo de molhos, cozidos e marinados, sobretudo na região do sudeste.
Pimenta-de-bode (ardência 3)
Sabor e aromas fortes, muito característicos. É em Goiás, onde é mais comum, que as carnes, arroz, feijão e até o biscoito de polvilho (acredite!) ganham seu toque especial.
Pimentas que ardem
Tabasco (ardência 6)
Suculenta por dentro, assim como a Jalapeño, é também utilizada para fazer o molho que leva seu nome. O grau de “picância” começa a pesar na língua agora e ficar de média para alta. É a transição ideal para quem pretende atingir outros níveis de ardor ou para quem gosta dos sabores fortes que não se sobrepõem aos da comida. Teve origem na região mexicana de mesmo nome, mas tornou-se super popular e comum por aqui.
Thai (ardência 8)
Fresca ou em pó, é um dos tipos mais comuns na culinária asiática. É tão picante que pode até causar incômodo nos olhos dependendo de como for manuseada. O nome não deixa mentir, sua origem é a Tailândia.
Malagueta (ardência 8)
Forte e intensa, morder sua semente esquenta mais do que a língua, mas o corpo todo. Comum para acompanhar carnes e peixes. É indispensável na culinária baiana, principalmente para o acarajé.
Pimentas que te fazem cuspir fogo
Savina-vermelha (ardência 10)
A pimenta de origem nos Estados Unidos manteve seu posto da mais picante do mundo pelo Guinness de 1994 até 2006. Cerca de 50 vezes mais ardida que a jalapeño, a savina-vermelha é uma pimenta que exige cuidado na hora de manusear, pois pode provocar bolhas na pele. É bastante utilizada na fabricação dos sprays de pimenta dos policiais e sua coloração é tão quente quanto sua ardência: vermelha e enrugada.
Quando ingerida ela pode causar sensação de calor e queimação no estômago, na garganta e na boca. Em contra partida, é uma aliada da digestão e pode ajudar na prevenção do câncer e na circulação sanguínea.
Trinidad Scorpion (ardência 9)
Para quem gosta de sentir na pimenta o sabor cítrico, nada frutado, esta é a que merece estar no seu prato! A Trinidad Scorpion já indica no nome a sua força. Ela tem formato pontiagudo e sua cor fica vermelho brilhante quando está pronta para a colheita. Seu calor é intenso é ótimo para acompanhar carnes, se você for daqueles que adoram uma carne mais picante. Mas ela tem lá sua delicadeza (talvez não muito perceptível), toques frutados dão a ela um sabor “doce-quente”, mas não esqueça: ela é muito picante! Te faria cuspir fogo se isso fosse possível.
Bhut Jolokia (ardência 9)
Como se pode esperar dos temperos picantes da Índia, esta pimenta te deixa sem palavras porque a sensação que dá é que até a alma está ardendo. Ela foi feita através do cruzamento das pimentas mais ardidas que se conhecia. Normalmente vermelha ou alaranjada e enrugada, ela é mais utilizada para incrementar temperos em sua forma crua ou em pó. Após ingerida, ela pode causar um suor intenso e certo desconforto na pele que pode chegar a durar horas! Ela não é brincadeira… Se quiser uma pimenta que seu corpo sente os efeitos por horas, aposte nesta!
Pimentas que curam
Savina-vermelha (ardência 10)
Já citada acima, sua ardência impede a coagulação do sangue e evita a trombose. Se o seu problema está mesmo é no sistema respiratório, boa notícia: ela alivia a congestão nasal!
Caiena vermelha (ardência 1)
Vendida até mesmo em cápsulas, esta pimenta é uma das mais conhecidas e também uma das mais benéficas à saúde. Ela possui bioflavonóides, que ajudam na prevenção de alguns tipos de câncer e é rica em vitaminas A e C, além de possuir ferro, cálcio, caroteno, fibras, entre outras propriedades nutricionais. Além disso, por ser um alimento termogênico, ela acelera o metabolismo e aumenta a temperatura corporal. Na dieta, deve ser utilizada como alimento coadjuvante e a sugestão de uso é 3 g de pimenta caiena por dia como tempero de pratos quentes, peixes e saladas.
Jalapeña (ardência 5)
Também já citada, a jalapeña estimula a circulação sanguínea no estômago, o que favorece a cicatrização de feridas e aumenta a resistência física.
Pimentas que matam (?!)
Trinidad Scorpion Butch T (ardência 10)
Tudo bem, talvez ela não chegue a matar, de fato, mas usamos a expressão para mostrar que ela é realmente picante! De origem australiana, ela ganhou em 2011 o título de pimenta mais picante do mundo no Guinness Book, após superar a Bhut Jolokia. Para o preparo de molhos e temperos com ela, é necessário o uso de luvas para evitar queimaduras na pele e máscara respiratória. A ingestão causa calor intenso, sensações na pele que duram horas e queimação na garganta.
Por Carol Oliveira, Gustavo Jazra e Rafa dos Santos
Matéria originalmente publicada no Sonoma