Estudo aponta: 54% das crianças passam mais de 4h em frente à TV
Dia 10 de outubro é o Dia Mundial da Dislexia. Tão importante quanto entender o que é esse distúrbio e como ele se manifesta, é perceber os dispositivos que acionam na criança as dificuldades de concentração e aprendizagem que podem se tornar patológicas. Afinal, o que o excesso de tecnologia tem a ver com isso?
A pesquisa “Infant and Kids Study” – realizada pelo Ibope com mais de mil crianças da Grande São Paulo e divulgada na última quinta-feira pela Nestlé – mostra que 54% das crianças de 0 a 12 anos passam mais de 4 horas por dia em contato com aparelhos eletrônicos. O tempo máximo ‘recomendado’ pela Academia de Pediatria de duas horas diárias.
Porém, inúmeros estudos indicam que a interação social e natural – a relação com a natureza – são muito mais efetivos no aprendizado infantil do que os estímulos tecnológicos, além de proporcionar um espaço de livre brincar propício para a criança se movimentar e exercitar. “Escolas com espaços para brincadeiras e aprendizado ao ar livre impactam positivamente os resultados acadêmicos das crianças. Há, também, indícios de que as brincadeiras ao ar livre podem reduzir o bullying, assim como obesidade infantil e excesso de peso, por oferecerem outros benefícios para a saúde psicológica e física”, afirma o ativista Richard Louv, em entrevista ao Catraquinha.
“As crianças, à medida que vão ficando cada vez mais próximas da tecnologia, vão se abstendo de se relacionar com o ambiente. Essa incapacidade de se relacionar com outros está ceifando importantes habilidades sociais. É na infância que a gente começa a aprender o que se chama popularmente de ‘inteligência emocional’, que é a capacidade de empatizar, se colocar no lugar do outro. A criança que está ligada à tecnologia não tem isso”, afirma o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependência tecnológica do Hospital das Clínicas de São Paulo, em entrevista ao blog Maternar, da Folha.
Ciclo vicioso
Parece óbvio, ainda que seja um ciclo difícil de quebrar. Quanto mais tempo as crianças passam conectadas, mais estímulos cognitivos recebem, e menos foco conseguem manter. As consequências diretas são a dificuldade de concentração devido ao bombardeio de informações, e menos tempo dedicado a interação social e movimento, ocasionando problemas que podem se tornar crônicos, como ansiedade, obesidade e transtornos de atenção.
Para experimentar o impacto da atenção, do silêncio e do ‘tempo de ter tempo’ no aprendizado dos pequenos, escolas têm adotado as mais diversas estratégias. Uma delas é a implantação da meditação infantil. Recentemente, a técnica da meditação “mindfullness” – clique aqui para entender o que é isso – tem sido alvo de diversos estudos científicos e experimentos práticos que apontam para resultados interessantes, como expansão da concentração, incremento da memória e melhora das capacidades emocionais para lidar com situações de stress e trauma.
Diante desse cenário, é urgente repensar as formas de transmissão de informação, conteúdo escolar e até cultura para as crianças. Mais do que enchê-los de estímulos educativos, proporcionar tranquilidade e tempo pode ser um caminhos para construir um ambiente acolhedor para o aprendizado.
*Com informações do blog Maternar