‘O ensino da escrita na educação infantil é um tempo roubado’
*Com informações de Quartinho da Dany
Alfabetizar as crianças é uma missão sem receitas prontas. Apesar de existirem inúmeras evidências científicas sobre as vantagens deste ou daquele método, a questão é que cada criança e cada contexto educacional pede um determinado tipo de abordagem.
Diante da complexidade do assunto, nada mais natural do que ele despertar as mais controversas reações. De um lado, estão os pais que consideram importantíssimo garantir a alfabetização dos pequenos já na Educação Infantil. De outro, os que optam por se guiar pelo próprio ritmo de aprendizado da criança, sem muitas intervenções. E é deste lado que está a professora e linguista Danyelle de Oliveira Santos, autora do blog Quartinho da Dany.
No texto que ela escreveu sobre o tema, que já teve mais de 7.700 compartilhamentos nas redes sociais, ela defende que a intenção por parte dos adultos de acelerar o processo de alfabetização das crianças é sintomático de como o adulto preza pela competitividade em detrimento do processo de individuação e crescimento pessoal.
Isso é reflexo do mundo competitivo em que vivemos. É preciso saber mais que o outro, mais rápido, da melhor forma possível. Nossas crianças não podem “ficar pra trás”. As escolas, claro, de olho no lucro (pouco importa a criança), procuram atender a demanda. Quem manda é o cliente! Se for preciso ensinar inglês, espanhol e mandarim pra crianças de 1 ano pra fisgar mais uma mensalidade muito bem paga, que assim seja”
Para a professora, que explica no texto como se dá o processo de aquisição da linguagem, é preciso que os pais internalizem um questionamento constante em suas rotinas: estou fazendo isso por mim ou pelo meu filho?
“A primeira reflexão que precisamos fazer é a seguinte: meu filho de 4 anos PRECISA saber ler e escrever? Pra quê? Ele pode aprender isso depois? Se sim, por que não? É uma vontade minha ou dele? Os estudos sobre aquisição da linguagem indicam que aprender a falar a língua materna acontece naturalmente. Aprender a escrever, não. Esse processo envolve desviar o pensamento para a escrita, que não acontece naturalmente.”
No artigo, ela questiona o porquê de existir um tempo no processo de aprendizado das crianças dedicado ao ensino da escrita se a intenção é sempre apressá-lo? Para ela, a Educação Infantil deveria reservar o seu tempo para formas de elaboração do mundo mais lúdicas e livres.
“Em vez de estar aprendendo algo tão complexo como a escrita aos 4 anos de idade, as crianças poderiam estar jogando bola, mexendo na terra, correndo, aprendendo a relacionar-se com o outro, ouvindo histórias, desenhando livremente. Vejo a aprendizagem da escrita na Educação Infantil como tempo roubado. Um tempo que não vai mais voltar”.
Leia o texto completo aqui.
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