Projeto lança livro gratuito sobre como ouvir as crianças
“As crianças são sujeitos e têm direito ao território. As cidades podem contar com diversos indicadores – sociais, econômicos, políticos –, mas acreditamos que São Paulo pode ter um indicador a mais: o olhar das crianças. E para isso é preciso escutá-las”.
A fala de Raquel Franzim, assessora pedagógica do Instituto Alana, foi o ponto de partida do primeiro encontro de um projeto que nasceu com o intuito de colocar em prática o conceito de “cidade educadora” com a ajuda das crianças. O “Se Esta Rua Fosse Minha” é uma iniciativa do Mapa da Infância Brasileira (MIB) em parceria com diversos articuladores da cultura da infância, e começou em agosto deste ano.
De lá para cá, o projeto reuniu pessoas e instituições interessadas em desenvolver ações de protagonismo infantil, tanto dentro das escolas quanto em ONGs, nos bairros e espaços públicos. A proposta é ouvir das crianças quais são suas ideias, anseios e necessidades para assim construir com elas uma cidade mais humana. Os chamados “pontos de escuta” passam por propostas simples, como a criação de um conselho infantil dentro das escolas, até a elaboração do Plano Diretor municipal com participação ativa dos pequenos.
O objetivo final é reunir o maior número de iniciativas possível para compor um documento oficial, que será levado até a Prefeitura Municipal de São Paulo, em 2017. “É no fazer que se cria a consciência”, defende Adriana Friedmann, diretora do MIB.
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Fala + escuta = cidade humanizada
Três meses depois, o projeto lança agora o seu primeiro fruto, o livro “Quem está na escuta?”, uma publicação inicialmente em formato virtual e gratuita, que sinaliza caminhos para a implantação de projetos e defende a importância de ouvir, observar e dialogar com o universo da criança para construir uma cidade mais acolhedora à infância e, consequentemente, melhor para todos.
O livro reúne artigos de pesquisadores de diversas áreas, como os professores e pesquisadores Severino Antônio e Katia Tavares, a educadora e antropóloga Adriana Friedmann, e os documentaristas David Reeks e Renata Meirelles, do “Território do Brincar”, além da jornalista e documentarista Gabriela Romeu, idealizadora do projeto Infâncias.
Quem abre a discussão, numa entrevista exclusiva, é Manuel Jacinto Sarmento, professor de Sociologia da Infância da Universidade do Minho, de Portugal. Ele trata da participação infantil na cidade e da representação da infância nos dias de hoje no texto intitulado Retrato em positivo. Para Sarmento, é urgente estabelecer uma relação recíproca, de fala e de escuta, entre adultos e crianças.
O material pretende ser mais um material de apoio para professores, educadores e famílias que queiram estabelecer com as crianças uma relação recíproca de fala e escuta para construir um ambiente mais humanizado e democrático. Clique aqui para fazer o download gratuito.
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