Após áudio de Chico Pinheiro, Globo adverte jornalistas
Após o vazamento do áudio atribuído ao apresentador Chico Pinheiro, em que faz um desabafo sobre a ação de Sergio Moro ao decretar a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o diretor-geral de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, enviou um e-mail aos jornalistas da emissora para alertar sobre o uso de redes sociais.
“Ele precisa sair, sim, mas vai sair na hora que for a hora. Que Lula tenha calma, sabedoria, inspiração divina, para ficar quieto ali um tempo, onde está”, dizia um trecho da gravação, enviada em um grupo fechado no WhatsApp no domingo, 8.
O e-mail foi disparado horas depois deste áudio ser compartilhado ganhar as demais redes sociais, na última segunda-feira, 9. O executivo adverte que os profissionais não devem expressar publicamente, dentro de sua atuação jornalística, preferências políticas e partidárias ou ideologias.
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O âncora do “Bom Dia Brasil” não é citado no e-mail, mas é clara a resposta ao ocorrido, incluindo referência ao vazamento dos áudios.
Leia na íntegra o e-mail de Ali Kamel (publicado originalmente pelo site “Notícia das TV“):
“Em e-mail no ano passado, eu alertei para o uso de redes sociais. Na ocasião, lembrei que jornalistas, de forma não proposital, publicavam fotos em que marcas apareciam. Eu alertei então para aquilo que todos nós sabemos: jornalistas não fazem publicidade e que todo cuidado é pouco para evitar que nossos espectadores equivocadamente pensem que se descumpre esse preceito.
Hoje, volto a falar sobre o uso de redes sociais. O maior patrimônio do jornalista é a isenção. Na vida privada, como cidadão, pode-se acreditar em qualquer tese, pode-se ter preferências partidárias, pode-se aderir a qualquer ideologia. Mas tudo isso deve ser posto de lado no trabalho jornalístico. É como agimos.
Daí porque não se pode expressar essas preferências publicamente nas redes sociais, mesmo aquelas voltadas para grupos de supostos amigos. Pois, uma vez que se tornem públicas pela ação de um desses amigos, é impossível que os espectadores acreditem que tais preferências não contaminam o próprio trabalho jornalístico, que deve ser correto e isento.
Como entrevistar candidatos, se preferências são reveladas, às vezes de forma apaixonada? O mais grave é que, quando os vazamentos acontecem, as vítimas, com toda a minha solidariedade, dizem que foram mal interpretadas. Não importa, o dano está feito.
A Globo é apartidária, independente, isenta e correta. Cada vez que isso acontece, o dano não é apenas de quem se comportou de forma inapropriada nas redes sociais. O dano atinge a Globo. E minha missão é zelar para que isso não aconteça. Portanto, peço a todos que respeitem o que está em nossos Princípios Editoriais (e nos dos jornais sérios de todo o mundo):
‘A participação de jornalistas do Grupo Globo em plataformas da internet como blogs pessoais, redes sociais e sites colaborativos deve levar em conta três pressupostos:
[…] 3– os jornalistas são em grande medida responsáveis pela imagem dos veículos para os quais trabalham e devem levar isso em conta em suas atividades públicas, evitando tudo aquilo que possa comprometer a percepção de que exercem a profissão com isenção e correção.’
É com isso em mente que envio esse e-mail.
Ali”
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