Conectas publica guia para identificar abusos da PM em protestos

O guia reúne seis regras, de acordo com parâmetros nacionais e internacionais, sobre a ação da polícia em protestos

15/01/2016 11:21

Após o ato contra a tarifa na última terça-feira, dia 12, em São Paulo, marcado por relatos de repressão policial, a ONG Conectas Direitos Humanos publicou um guia ilustrativo com seis regras, inspiradas em parâmetros nacionais e internacionais, sobre como a polícia deve se comportar nos protestos.

As recomendações já haviam sido enviadas à Secretaria da Segurança Pública pela Conectas e o Núcleo Especializado em Direitos Humanos e Cidadania da Defensoria Pública, durante as manifestações em junho de 2013.

Guia ilustrativo sobre os abusos da PM em protestos
Guia ilustrativo sobre os abusos da PM em protestos

Veja as regras abaixo:

1- Limitar o uso de armamentos: o uso de armas menos letais, como bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, não pode ser feito de forma indiscriminada. Esse tipo de armamento só pode ser utilizado a partir de uma ordem oficial, por meio de uma linha de comando clara e dentro dos limites de distinção e proporcionalidade.

Uso de armamentos
Uso de armamentos

2- Dispersão somente em situação excepcional: a dispersão de um protesto só pode ser feita em situações extremas e a partir de uma ordem oficial. Além disso, ser previamente avisada e prever tempo e rotas adequadas para a saída dos manifestantes.

Decisão de dispersar a manifestação
Decisão de dispersar a manifestação

3- Afastar a tropa de choque e não intimidar manifestantes: a presença massiva e desproporcional de agentes armados, em relação ao número de manifestantes, intimida a participação da população no ato, violando o direito à reunião e a liberdade de ir e vir. A tropa de choque não pode ficar visível e só pode ser empregada quando forem esgotadas as alternativas de negociação.

Conduta da tropa de choque
Conduta da tropa de choque

4- Garantir a liberdade do registro de imagens: os cidadãos que estiverem registrando imagens de funcionários públicos no exercício de suas funções não devem ser reprimidos por isso. Confira aqui o guia na íntegra.

Liberdade no registro de imagens
Liberdade no registro de imagens

Manifestações

No segundo ato contra o aumento do transporte público, nesta terça, o confronto começou depois do impasse sobre qual seria a rota a ser seguida. O Movimento Passe Livre (MPL), que não havia divulgado previamente o percurso, queria que o ato seguisse pela avenida Rebouças e a PM, pela rua da Consolação.

Alguns manifestantes tentaram romper o cerco da polícia, mas foram impedidos com bombas de gás lacrimogêneo, cassetetes, gás de pimenta e balas de borracha. De acordo com o MPL, houve uma repressão policial “forte e desnecessária”.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que a intervenção da Polícia Militar no protesto foi necessária, pois “os manifestantes forçaram com violência o cordão de isolamento, se negando a seguir pela rua da Consolação, para seguir por vias que não estavam preparadas para a manifestação naquele momento”.

O MPL não compareceu na manhã desta quinta-feira, dia 14, na reunião marcada pela Secretaria da Segurança Pública e o Ministério Público para debater a organização dos protestos e o “exercício do direito de livre manifestação e o direito à livre circulação nas vias públicas”. O movimento divulgou o trajeto do ato de ontem em sua página no Facebook, por volta das 15h.

O próximo ato contra a tarifa está marcado para terça-feira, dia 19, às 17h. A concentração será na esquina da avenida Faria Lima com a Rebouças.