Em meio à prisão de jornalistas, protestos contra o aumento das passagens prometem continuar
Durante as manifestações contra o aumento da passagem na terça-feira, 11, houve confronto com a polícia e pelo menos 20 pessoas foram presas, incluindo jornalistas que cobriam o ato. Algumas prisões foram consideradas inafiançáveis.
No momento, treze pessoas continuam presas: dez por formação de quadrilha e dano ao patrimônio, sem determinação de fiança; um por dano ao patrimônio, fiança de R$ 20 mil; e dois por dano ao patrimônio, desacato e lesão, fiança de R$ 3 mil.
Nenhum dos presos têm antecedentes criminais.
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Fotos: Brunno Marchetti
Quatro manifestantes assinaram um TCO (Termo de Circunstanciado de Ocorrência) por pichação e desacato, mas foram soltas durante a madrugada.
Um jornalista da Folha de S. Paulo e um do UOL também foram presos, mas liberados em seguida.
Segundo a polícia, cinco policiais militares ficaram feridos e os manifestantes danificaram sete ônibus durante o protesto. Foram aprendidos fogos de artifício, placas, mascara de gás, extintores de incêndio e bicicletas.
Liberdade da imprensa
O jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, que cobria a manifestação pelo Portal Aprendiz foi preso durante o ato. O Catraca Livre teve acesso a um vídeo, gravado por um morador da região, que mostra o jornalista andando tranquilamente pela rua, sem nenhuma atitude de violência. Ele também estava sozinho, o que desconfigura o crime de formação de quadrilha. Assista ao vídeo:
A redação do Catraca Livre ouviu testemunhas que estavam próximas ao jornalista durante a prisão.
A estudante de história, Agatha Soares, relatou que estava descendo a avenida Brigadeiro Luis Antônio com o ato. Ela afirmou que já estava distanciando-se, tinha acabado de decidir ir embora para casa. Com bombas de gás lacrimogêneo estourando próximo, eles correram em direção ao Hotel Mercury.
“Nesse momento, algumas motos da Rocan atravessaram os carros, subiram a calçada e começaram a bater nas pessoas. Paramos em uma portaria que já tinha muita gente”, contou. “Estávamos completamente rendidos e cercados e a polícia veio com cassetetes batendo em nossa direção. Éramos três mulheres e Pedro, que estava um pouco na frente, voltou, informou que estava cobrindo a manifestação e pediu para que as policiais não baterem nas três garotas”, comenta.
Segundo a estudante, os PMs mandaram ele calar a boca e continuaram a agressão quando o jornalista entrou na frente das meninas para proteger da agressão. Todos já estavam com as mãos para cima.
“Então sete PMs cercaram ele começaram a espancar, mesmo depois dele colocar as mãos para cima. Não tinha motivo para aquela brutalidade”, comentou. Eles queriam levar alguém e escolheram o Pedro.
Johanna Jaumont também estava no momento da prisão, namorada de Pedro, ela afirma que ele estava cobrindo a passeata e não era uma manifestante.
Ela afirmou que não foi para o ato, encontrou o namorado e estavam indo para casa no momento da prisão, já que reside em uma travessa da avenida Paulista. “Começaram as bombas e a polícia foi para cima das pessoas. Saímos correndo, entramos na avenida Brigadeiro e depois na rua do Hotel Mercury. A PM veio de moto e acabamos encurralados”, comentou.
“Eles foram para cima das três meninas, inclusive da Agatha que já estava passando mal.O Pedro só entrou na frente para protegê-las. Sete policiais o pegaram e espancaram, na frente de todo mundo. Depois o levaram”.
Joana também comenta que os policiais, no momento da prisão, ignoraram a sua defesa e não deixaram ele argumentar. “Também não quiseram ouvir a chefe dele, que estava ao lado e tentou comunicação. Simplesmente colocaram ele como formação de quadrilha”, comenta.
“Estávamos cercados”
A redação do Catraca Livre também entrou em contato por telefone, com outro jornalista que foi detido. A reportagem do site procurava o ato, que nesse momento estava dividido. Às 20h44, por telefone, Raphael Sanz, 26, afirmou que a manifestação estava completamente cercada pela polícia na Praça da Sé. Ele disse que ele e os manifestantes tentavam voltar para casa, mas não havia saída. O jornalista foi preso e segundo testemunhas está com o nariz quebrado. Até o momento nem a mãe do detido teve permissão para vê-lo.