‘ONU Mulheres’ lamenta declaração de Juliana Paes sobre feminismo

A organização reiterou que 'entende que o conhecimento sobre feminismos é uma construção constante'

Em entrevista à revista Veja, a atriz Juliana Paes, de 38 anos, criticou a luta feminista por igualdade com os homens “a todo o custo”. “Existe uma linha do feminismo com a qual eu não concordo muito. Somos tão competentes e valiosas quanto eles, mas não iguais”, afirmou.

Diante da repercussão, a Organização das Nações Unidas para Mulheres publicou uma nota nesta segunda-feira, dia 10, em que lamenta a declaração da atriz. Ela é defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência contra as Mulheres da instituição.

A atriz foi criticada após uma declaração polêmica sobre feminismo

A organização reiterou que “entende que o conhecimento sobre feminismos é uma construção constante”. “Juliana Paes posicionou-se publicamente, explicando a descontextualização de sua declaração, reconhecendo a pluralidade dos feminismos e se dispondo a aprofundar seu conhecimento sobre o tema e se somar ao debate com diálogo.”

  • Leia a nota completa:

“A ONU Mulheres Brasil lamenta a declaração sobre feminismos atribuída à Juliana Paes, defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência contra as Mulheres da ONU Mulheres Brasil, veiculada em entrevista na última semana.

A ONU Mulheres entende que o conhecimento sobre feminismos é uma construção constante. Juliana Paes posicionou-se publicamente, explicando a descontextualização de sua declaração, reconhecendo a pluralidade dos feminismos e se dispondo a aprofundar seu conhecimento sobre o tema e se somar ao debate com diálogo.

Desde novembro de 2015, Juliana Paes presta apoio voluntário e regular à ONU Mulheres em campanhas públicas para o fim da violência contra as mulheres, em defesa da Lei Maria da Penha e do direito das mulheres e meninas participarem em condição de liberdade e sem violência de todos os espaços, além da defesa pública da garantia da inclusão da temática da igualdade de gênero na educação.

Em entrevistas, campanhas e diálogos anteriores à sua nomeação como defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência contra as Mulheres da ONU Mulheres Brasil, Juliana Paes afirmou valores importantes para o empoderamento das mulheres. Dentre eles, o engajamento em causas sociais, especialmente a conscientização de mulheres sobre o câncer de mama, incentivo ao aleitamento materno e mobilização em defesa do meio ambiente.

A ONU Mulheres está certa de que os movimentos feministas e de mulheres são fundamentais para o debate político qualificado e construtivo acerca das realidades das mulheres, condições de vida e transformação das desigualdades de gênero, raça e etnia a partir da inclusão ativa das mulheres nas negociações políticas. Reitera, ainda, que avanços políticos, econômicos, culturais e de direitos humanos somente foram possíveis no Brasil e no mundo por conta da atuação incansável e propositiva dos movimentos feministas e de mulheres na sua pluralidade.

Diante da polêmica causada, a ONU Mulheres faz um alerta sobre a responsabilidade da imprensa de se atentar a abordar pautas contundentes e plurais sobre os direitos das mulheres, como proposto pelo Pacto de Mídia “Dê um passo rumo pela igualdade de gênero.”

Polêmica

Após as críticas a sua fala, Juliana Paes compartilhou um comunicado em seu Instagram na semana passada, afirmando que defende os direitos das mulheres, sobretudo o direito de viver sem violência.

Leia o texto na íntegra:

Eu defendo os direitos das mulheres, sobretudo o direito de viver sem violência. Esta é uma causa que eu tenho me dedicado publicamente há mais de um ano e meio, quando me voluntariei na ONU Mulheres e fui acolhida como Defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Precisamos falar de feminismos no plural, com diálogo e aprendizado. Este é um movimento por equidade, respeitando as conquistas das mulheres e colocando fim às desigualdades de gênero, raça e etnia. Estamos falando sobre feminismos e todas as suas frentes mais do que nunca. Desejo me somar ao debate de forma positiva, com respeito e franqueza. A visibilidade da minha profissão me proporciona certos desconfortos, como ser mal-interpretada e ter discursos descontextualizados. Acredito que todas temos contribuições a dar para que nós, mulheres, possamos ter os nossos direitos assegurados e decidir sobre a nossa própria vida. A independência tem sido um valor na minha trajetória e, nos últimos tempos, tenho me envolvido na ação coletiva em favor do fim da violência contra as mulheres. Homens e meninos precisam se somar. Mas o protagonismo continua a ser das mulheres. É isso o que eu tenho defendido quando liderei a campanha de contagem regressiva dos 10 anos da Lei Maria da Penha, eventos esportivos sem violência contra as mulheres, carnaval com respeito aos direitos das mulheres e, mais recentemente, nas campanhas do Dia Laranja por #EscolaSemMachismo, por educação com igualdade de gênero, e no Dia Internacional das Mulheres, quando me somei aos esforços da ONU Mulheres de construir um Planeta 50-50 por meio do empoderamento das mulheres. Finalmente, junto a minha voz com as vozes das minhas colegas da Globo na campanha #MexeuComUmaMexeuComTodas, impulsionada por mulheres de coragem. #ChegaDeAssédio. #UnaSePeloFimDaViolênciaContraAsMulheres

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  • Relembre o caso: