Pela discussão de “gênero” nas escolas, estudantes se mobilizam nas redes sociais

"Nossas crianças merecem um futuro sem preconceito", diz um dos cartazes da campanha em escola de Taboão da Serra

No dia 11 de agosto, a Câmara Municipal de São Paulo realizará a votação do Plano Municipal de Educação, que estabelece metas a serem cumpridas nos próximos dez anos dentro das salas de aula de todo país – em iniciativa proposta pelo Ministério da Educação.

Contudo, após pressão causada por políticos conservadores e entidades religiosas, o termo “gênero” – que estabelecia políticas de educação na escola e de combate ao preconceito de gênero – foi excluído de todas as metas do projeto. O motivo? Falar sobre diversidade na escola poderia deturpar o conceito de família.

A retirada de ‘diversidade de gênero’ do texto gerou uma série de manifestações por todo o país, com mensagens de apoio em campanhas viralizadas nas redes sociais. Assim, o tema chegou a uma escola da rede privada de ensino da cidade de Taboão da Serra, região metropolitana de São Paulo, onde um grupo formado por alunos do ensino médio decidiu expor sua opinião por meio de cores, cartazes e frases de efeito como “Tire seu conservadorismo da nossa educação” ou “Nossas crianças merecem um futuro sem preconceito” – a mobilização foi inspirada em uma campanha divulgada pelo Canal das Bee, disponível no You Tube.

Idealizada pelas alunas Marina Sahyoun e Alice Fernandes, do segundo ano, a campanha contou com apoio de dezenas de estudantes da unidade de ensino, além de professores e da coordenação. “Algumas pessoas por questões pessoais não quiseram participar, mas tivemos o apoio da escola que não só incentivou, mas fez questão que fossemos protagonistas da causa”, ressalta Alice, de 16 anos.

Sobre a importância da campanha na escola, Alice destaca a relevância do tema em sala de aula. “É muito importante abordar a questão da diversidade na formação dos alunos, para que no futuro se construa uma sociedade livre de preconceito”.

“Viver bem nas diferenças e igualdades”

Entre as alterações promovidas pelos vereadores da capital paulista, um trecho que levava em conta a discussão sobre racismo, machismo e homofobia, também foi considerado ameaçador aos padrões da tradicional família brasileira “promover ações contínuas de formação da comunidade escolar sobre sexualidade, diversidade, relações de gênero e Lei Maria da Penha”. Além disso, havia menção também à “oferta de programas de formação inicial e continuada de profissionais da educação, além de cursos de extensão, especialização, mestrado e doutorado, visando a superar preconceitos, discriminação, violência sexista, homofóbica e transfóbica no ambiente escolar”.

E encerrava com “difundir propostas pedagógicas que incorporem conteúdos sobre sexualidade, diversidade quanto à orientação sexual, relações de gênero e identidade de gênero, por meio de ações colaborativas da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, dos Conselhos Escolares, equipes pedagógicas e sociedade civil”.

#VaitTerGeneroNoPmeSim

Confira a campanha que inspirou as estudantes Alice e Marina a se mobilizarem na escola de Taboão da Serra.