Polícia Civil indicia aluno da FGV por racismo

Inicialmente, o crime foi registrado como injúria racial; estudante compartilhou uma foto com a seguinte mensagem: "achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!"

A mensagem racista foi compartilhada em um grupo do WhatsApp

O aluno de administração de empresas da FGV-SP foi indiciado por racismo pela Polícia Civil. Em março, o jovem compartilhou em um grupo de WhatsApp uma foto de um colega negro e a seguinte mensagem: “achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”. O indiciamento representa uma mudança na análise da polícia, que inicialmente registrou o crime como injúria racial.

Segundo o DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), o caso foi visto como racismo porque ele não atingiu só o estudante, mas sim “a coletividade das pessoas negras, promovendo a segregação”. O aluno pode ter que cumprir pena de até 3 anos de prisão e pagar multa.

O advogado do indiciado, Caio Metropolo Dias, afirmou ao G1 que ele está muito abalado com o acontecimento. De acordo com a Faculdade Getúlio Vargas, o “autor da postagem foi imediatamente suspenso de suas atividades pela Fundação Getulio Vargas, estando o caso sob a responsabilidade das autoridades competentes, não cabendo, em respeito a estas, interpretações ou análises de questões sub judice”.

Relembre o caso

Em um grupo da faculdade no Facebook, a vítima de racismo contou que foi chamada pela Coordenação de Administração Pública no dia 6 de março e informada que um aluno do 4º semestre do curso de Administração de Empresas compartilhou a foto.

“Porque não foi falar na minha cara? Mas você optou pela atitude covarde de tirar uma foto minha e jogar no grupo dos amiguinhos. Se seu intuito foi fazer uma piada, definitivamente você não tem esse dom. Acha que aqui não é lugar de preto? Saiba que muito antes de você pensar em prestar FGV eu já caminhava por esses corredores. Se você me conhecesse, não teria se atrevido. O que você fez além de imoral é crime! As providências legais já foram tomadas e você pagará pelos seus atos”, afirmou o rapaz no post.

“Não descansarei até você ser expulso dessa faculdade. Pessoas como você não devem e nem podem ter um diploma da Fundação Getulio Vargas. A mensagem é curta e direta. Mas serve para qualquer outrx racista da Fundação. Não passará!”, continuou.

Na ocasião, a FGV emitiu um comunicado oficial e disse que diante de “possível conotação racista da ofensa aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso por três meses”. Em nota, o Diretório Acadêmico Getúlio Vargas informou que uma carta de denúncia será apresentada à Congregação, órgão colegiado capaz de deliberar a respeito da expulsão do estudante.

O coletivo negro 20 de Novembro FGV também pediu “basta de preconceito“. Leia abaixo:

“Negros e negras são minoria nas prestigiadas instituições de ensino superior. Homens negros são a maior parte da população carcerária do país. Mulheres negras sofrem duas vezes mais com o feminicídio do que mulheres brancas. Crianças negras são a grande maioria do corpo discente do péssimo ensino público. LGBTSs negros fazem parte de uma das populações mais vulneráveis para o desenvolvimento de doenças mentais. Sendo assim, o coletivo 20 de novembro se levanta e diz: Basta!”.

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