Esta artista mostra que o corpo não deve ser motivo de vergonha

Conheça o trabalho de Cinta Tort, que celebra o corpo com todas as suas "imperfeições"

Todos os tipos de corpo merecem ser celebrados  com todas as suas espinhas, celulite, cicatrizes, estrias e manchas, que são tão comuns. A beleza está nessa diversidade.

O trabalho de Cinta Tort é uma bela reflexão sobre isso. A jovem de 21 anos, que mora na Espanha, usa a arte para mostrar que o nosso corpo não deve ser motivo de vergonha. Desde bem pequena, ela gosta de desenhar, pintar e criar; mas no último ano, decidiu usar suas próprias vivências como inspiração. “Ao longo da minha vida, e sobretudo na minha adolescência, tive más experiências relacionadas à pressão estética”, ela contou em entrevista ao Catraca Livre. “Por ser mulher e viver neste sistema heteropatriarcal, vivi muitas formas de opressão”.

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Tardes al taller de creació

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A artista diz que já teve que lutar contra um transtorno alimentar. “Queria ser magra, não ter pelos, eliminar minhas estrias; não gostava do meu cabelo… Quer dizer, não me amava e não trabalhava o amor próprio”, ela se recorda. “Com o passar dos anos, vi que eu eu não aceitava eu mesma, nunca poderia me conhecer e me amar”. E foi nesse processo que autoaceitação que ela começou a querer mostrar a batalha contra os padrões de beleza por meio da da arte.

Com tinta colorida, Cinta desenha linhas sobre as estrias, transformando-as em listras de arco-íris. Ela aponta: “a pressão que nós, mulheres, sofremos para entrar no rótulo de ‘corpo ideal’ (e irreal) tem sido a luta de todas essas produções artísticas. [Quero] romper com essa ideia e aceitar de uma vez por todas que existe uma grande diversidade de corpos e que cada um deles tem essência e beleza”.

As fotos da artista nunca vêm sem uma reflexão delicada e positiva. “Todos os corpos têm (mais ou menos) manchas, pelos, sardas, estrias, curvas, retas, feridas, rugas… E todos são igualmente válidos”, diz ela na legenda da foto abaixo, “já é hora de começarmos a amar [o nosso corpo], porque no final das contas, essa é a nossa ferramenta de comunicação com o mundo. E se não gostamos dessa ferramenta que usamos, dificilmente seremos livres. Mais uma vez: se amar é um ato revolucionário”.

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#estrías ??❤??? Cada unx de nosotrxs es diferente y, a la vez, cada cuerpo es de una forma u otra y tiene su propia esencia y energía. Hay muchos tipos de cuerpos, igual que hay muchos tipos de estrías. De eso me dí sobre todo cuenta el día que hice estas producciones. Pintando a Yacine, a Mònica y a Roser observé detalladamente su piel, la delicadeza que había en ella y, a la vez, la belleza y la esencia que estas escondían. Hay personas con más o menos estrías, con estrías muy gruesas, menos, o más o menos marcadas, y en esto, en la diversidad, hay la riqueza. Las estrías de Yacine me llamaron mucho la atención, pequeñitas, poco palpables a primera vista y verticales, era la aventura de descifrar todo lo que ellas escondían. Todos los cuerpos tienen (más o menos) manchas, pelos, pecas, estrías, curvas, rectas, heridas, arrugas… y todos son igual de válidos. Ya es hora de que empezemos a amar el nuestro porque, al fin y al cabo, esta es nuestra herramienta de comunicación con el mundo. Y si no nos gusta la herramienta que utilizamos para ello, dificilmente podremos sentirnos libres. Una vez más: quererse es un acto revolucionario. ?

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Feminista, Cinta também usa glitter para simular o sangue menstrual  outro grande tema da feminilidade que ainda não é discutido de forma natural. “Tirar o tabu acerca da menstruação implica que haja uma grande mudança social, e não querem fazer isso”, reflete ela. “As mulheres e as pessoas que menstruam são educadas para que não se sintam seguras com seus corpos e com tudo que ele traz”.

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? #manchoynomedoyasco

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A artista ainda aponta que a menstruação é vista como algo “sujo”, e traz uma carga cultural negativa. Dessa forma, quem menstrua deixa de ter consciência desse processo importante do corpo. “Conhecer como nos encontramos em cada fase nos ajudará a conhecermos mais sobre nós mesmas”. Para acompanhar as suas fotos, Cinta escreve a hashtag “manchoynomedoyasco”, algo como “mancho e não me enojo”:

Outro tema trabalhado por Cinta é o #freethenipple (“liberte o mamilo”, em tradução livre). Ela explica que o movimento nasceu da necessidade de lutar contra toda a censura que há em relação aos peitos das mulheres, e questiona: “por que podemos ver na internet a foto de um homem na qual se vê os seus mamilos e não uma foto de uma mulher mostrando os seus?”.

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#freethenipple ?

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#freethenipple ?

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Felizmente, a reação ao trabalho de Cinta tem sido muito positiva nas redes sociais. “Estou muito contente, porque está tendo muita visualização e uma resposta muito boa. Isso é algo que me faz muito feliz, e, ao mesmo tempo, vejo que tem um impacto social. Nunca pensei que compartilhando o trabalho que eu faço chegaria a tantas pessoas”, comemora. “Que as pessoas possam ler as minhas obras e refletir sobre elas é algo muito mágico”.

Você pode acompanhar o trabalho de Cinta Tort pelo Facebook, Instagram e Twitter.