OMS lança novas recomendações para reduzir intervenções no parto
Reduzir intervenções médicas desnecessárias e garantir uma experiência positiva na hora do parto são os objetivos das novas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgadas no dia 15 de fevereiro. As orientações foram pautadas em mais de 200 publicações científicas e 56 recomendações baseadas em evidências direcionadas aos serviços de saúde, buscando valorizar o nascimento natural.
As novas diretrizes incluem, por exemplo, ter acompanhante à escolha da gestante durante o trabalho de parto e o nascimento, receber atendimento respeitoso e acesso a boa comunicação com os profissionais de saúde. Além disso, a OMS pede que bebês sem complicações façam o contato pele a pele com a mãe ainda na primeira hora de vida para prevenção de hipotermia e para estimular o aleitamento.
Para gestações de baixo risco a OMS indica que a checagem de dilatação seja feita somente a cada quatro horas, e a aplicação de anestesia ou de analgesia aconteçam quando a grávida solicitar. Também foi revisto o parâmetro de dilatação, que até então considerava como ideal 1 cm/hora durante o primeiro estágio ativo do parto, mas que não se aplica a todas as mulheres, além de ser impreciso – as recomendações enfatizam que uma dilatação cervical mais lenta sozinha não pode ser uma indicação para a aceleração do parto.
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“Queremos que as mulheres deem à luz em um ambiente seguro, com profissionais qualificados e em unidades bem equipadas. No entanto, a crescente ‘medicalização’ de processos normais de parto estão minando a capacidade das mulheres de dar à luz, e afetando negativamente sua experiência de parto”, afirmou a diretora-geral assistente para família, mulheres, crianças e adolescentes da OMS, Nothemba Simelela, em nota publicada pela Agência de Notícias da ONU.
Cerca de 140 milhões de nascimentos acontecem a cada ano e, nos últimos 20, os profissionais de saúde ampliaram o uso de intervenções que antes eram usadas somente para evitar riscos ou tratar complicações. Com isso, um número significativo de gestantes saudáveis passa por, pelo menos, uma intervenção clínica durante o trabalho de parto.
Com as recomendações, a Organização não pretende desvalorizar procedimentos que, em determinados casos, são eficientes e necessários, mas sim evitar excessos e dar mais autonomia às mães. A medicalização no trabalho de parto e o uso de intervenções desnecessárias prejudicam as mulheres em vários aspectos – uma redução no número de cesáreas liberaria recursos para os casos nos quais o risco e a necessidade são reais. Segundo a OMS, cerca de 830 mulheres morrem na gravidez ou em complicações no parto no mundo todos os dias, sendo que a maioria dessas mortes poderia ser evitada com atendimento de saúde qualificado.
Dados de 2016 apontam uma taxa de cesárea em 18,6% dos partos no mundo, sendo que em 1990 esse índice era de apenas 6%. A “epidemia” de cesarianas atinge muitos países, e o Brasil é um dos campeões – 55,6% dos partos no país acontecem desta forma, taxa superada apenas pela República Dominicana, com 56%.
Clique aqui para acessar o documento da Organização Mundial da Saúde (em inglês).
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