‘Ghost in the Shell’ é a versão cyberpunk de filme da Viúva Negra

Muitos fãs da Marvel reclamam da falta de um filme da Viúva Negra, personagem interpretada por Scarlet Johanson que é uma das principais integrantes dos Vingadores. E uma personagem que, apesar da importância, até o momento foi esnobada dos planos de um filme solo pelo menos até 2018.

E “Ghost in the Shell”, que estreia nos cinemas nesta quinta, dia 30, poderia ter seu subtítulo trocado de “A Vigilante do Amanhã” para “A Vingança de Scarlet Johanson”. Ele basicamente traz a ação que os fãs esperariam de uma aventura solo da personagem esquecida da Marvel enquanto recria um dos maiores animes de todos os tempos e dá indícios de um novo universo cinematográfico cyberpunk para o futuro.

Scarlet Johanson em “Ghost in the Shell: A Vigilante do Amanhã”.

Lançado em 1996, “Ghost in the Shell” compete com “Akira” pelo título de mais aclamada animação japonesa de todos os tempos. Ambientado em 2029, acompanha uma ciborgue chamada Major Motoko, que luta contra o crime em uma história repleta de temas cyberpunks como megacorporações malignas, inteligências artificiais e o embate entre humano e máquina. E com um dos visuais mais impressionantes da história da animação, seja ela ocidental ou oriental.

Visualmente, “A Vigilante do Amanhã” faz jus ao original. O filme é um verdadeiro orgasmo visual nerd, tanto na recriação incrível de cenas clássicas no anime – como a construção de Motoko e a luta sobre um espelho d’água – como traz na manga novos truques. São particularmente impressionantes as tomadas da cidade repleta de neons e hologramas gigantescos de uma sociedade saturada de informação, e as cenas de ação são criativas e com impacto e peso.

A principal diferença narrativa para o original é a concentração maior na história pessoal Motoko, provavelmente para potencializar o “star power” de Scarlett Johanson. O roteiro é meio clichê – heroína, vilão que não é o que parece e conspiração de megacorporação maligna que você já vê vindo de longe. Como narrativa, o original é mais maduro, com uma Motoko mais robótica que deixa a humanidade e o drama de perda de essência da protagonista mais subtendido do que explícito como na interpretação de Johanson.

Uma polêmica que marcou a produção o filme é o “whitewashing” de escalar uma atriz ocidental para um personagem oriental. E, de fato, um elenco mais diverso só contribuiria ao filme. O longa parece tentar contrabalancear essas críticas com kanjis e referências orientais em toda parte nua cidade que para todos os efeitos seria ocidental. Assim como a bem-vinda e proeminente presença do ator veterano Takeshi Kitano como Aramaki, inclusive só falando japonês em cena.

“A Vigilante do Amanhã” não usa o material original como muleta, e consegue homenageá-lo enquanto trilha os seus próprios caminhos. O filme também sedimenta Scarlet Johanson como a grande heroína de ação do momento, além de “Vingadores” e filmes como “Lucy”, além de abrir uma promissora nova série de filmes. Se isso tudo não te impressionar, vale assistir ainda só pelo espetáculo visual.