Campanha mostra que transexualidade na infância ainda é um tabu
Uma campanha espanhola de conscientização sobre a transexualidade na infância vem chamando a atenção da mídia internacional. Desde o dia 10 de janeiro, 150 cartazes que trazem uma ilustração de crianças despidas correndo e sorrindo quer chamar a atenção da população do país sobre o preconceito em torno de crianças que não se identificam com seu sexo de nascimento. Acompanhando o desenho, a frase:
“Há meninas que têm pênis e meninos que têm vagina. É simples assim. Mas a maioria deles sofre diariamente, porque a sociedade não conhece essa realidade”
Criada pela associação espanhola Crysalis, que reúne famílias de crianças transexuais, a campanha gerou as mais diversas e extremas reações. Em entrevista à BBC, a porta-voz da instituição, Beatriz Sever, contou que alguns cartazes foram rasgados e combatidos com símbolos religiosos, e em um deles o desenho original foi coberto por uma vagina e um pênis na menina e no menino, respectivamente.
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Beatriz ressalta que o objetivo da ação é sensibilizar a população sobre o preconceito contra crianças trans e denunciar o preconceito vivenciado por elas, o que reflete em altas taxas de suicídio na vida adulta – “A taxa de tentativa de suicídio entre adultos transexuais a quem foi negada sua identidade durante a infância é de 41%”, informam os cartazes.
Pela liberdade de ser e igualdade
Os tabus em torno da sexualidade na infância atingem o desenvolvimento pleno da criança, que cresce tomada por medos, inseguranças e desconhecimento sobre o próprio corpo. Quando associada a crianças cuja orientação de gênero desvia dos padrões normativos do que é considerado normal, o preconceito se agrava ainda mais.
“Na organização, temos membros que são católicos e de diferentes inclinações políticas. Só um grupo bem pequeno da sociedade rejeitou a campanha. Não tem nada de ofensiva. São corpos de crianças, é parte da natureza”, conta Beatriz.
Ela explica que a campanha se preocupou em falar de um problema que é a realidade de muitas crianças e suas famílias, e assim gerar um debate com base em argumentos racionais e científicos.
“Queremos transmitir a mensagem de que a natureza não é uma máquina de xerox, que a natureza é diversidade”, defenda.
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