Ministério Público investiga 15 empresas por publicidade infantil no YouTube

20/06/2016 22:25 / Atualizado em 07/05/2020 03:28

Marcas de produtos infantis presenteando crianças com seus produtos, crianças, ou ‘youtubers mirins’, compartilhando vídeos em seus canais em que abrem, manipulam e mostram os produtos recebidos, agradecendo às marcas pelos presentes. Atenção, por trás desse ato, presentear crianças com os produtos, aparentemente inocente, existe uma perigosa estratégia de publicidade velada destinada ao público infantil.

“Qualquer propaganda direcionada ao público infantil é prática abusiva e ilegal.”, disse Ekaterine Karageorgiadis, advogada do Insituto Alana em entrevista à BBC Brasil. O Instituto Alana, que acaba de protocolar no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro uma ação contra 15 empresas de setores como brinquedos, vestuários, material escolar e turismo, é um dos expoentes na luta contra a publicidade infantil no Brasil.

A denúncia foi acatada pela promotora Ana Padilha, e, de acordo com ela, as empresas serão notificadas nos próximos dias. Na denúncia, o Alana selecionou vídeos que demonstram claramente que as empresas enviaram, sim, produtos às crianças. “Eles mostram as crianças agradecendo às marcas pelos ‘presentinhos’ ou lendo informações enviadas pelos fabricantes.”, informa a advogada.

Na denúncia, ainda, consta a informação de que alguns youtubers têm vídeos temáticos chamados “recebidos do mês”,nos quais abrem os produtos que ganharam das empresas nas últimas semanas, prática conhecida como unboxing.”Nosso objetivo com a ação é que esse tipo de propaganda abusiva não seja mais veiculada.”

A promotora Ana Padilha, em entrevista à BBC Brasil, afirma que também analisará a possibilidade de casos de trabalho infantil, por conta do grande volume de vídeos dos canais, um indício de que as crianças passaram muitas horas gravando.”Estamos estudando o alcance e o impacto que esses vídeos podem ter na criança que está assistindo e também vamos analisar se há algum tipo de contrato de trabalho com essas crianças. E ver a legalidade disso.”, disse.

“Não concordo quando se diz que é responsabilidade só do pai ou da mãe em dizer ‘não’ para os filhos que pedem os produtos que eles viram na TV ou na internet. Os pais são apenas um dos atores na criação das crianças. A sociedade como um todo precisa proteger a criança dos impactos desse consumismo desenfreado na infância.”, afirma Ekaterine.

As 15 empresas denunciadas ao Ministério Público são: Biotropic (cosméticos), C&A (roupas), Cartoon Network (canal a cabo infantil), Foroni (material escolar), Kidzania, Long Jump e Mattel (brinquedos), McDonald’s, Pampili (sapatos), Puket (meias e pijamas), Ri Happy (loja de brinquedos), SBT (canal de TV), Sestini (mochilas) e Tilibra (papelaria).

‘Publicidade infantil’, entenda:

Com informações de BBC Brasil