13º salário: pagar dívidas, investir ou fazer compras?

30/11/2017 16:15 / Atualizado em 19/12/2017 18:23

O tão esperado 13º salário coincide com o aumento de gastos típicos de dezembro e janeiro, meses de compras para as festas, férias, IPTU, IPVA e, para quem tem filhos, a troca do material escolar.

Se essa “renda extra” empolga por um lado, é importante lembrar que ela pode ajudar a aliviar as dívidas ou nas despesas previstas para o início de 2018. Também vale a pena olhar para a vida financeira e usar esse dinheiro de forma consciente, respeitando o orçamento e padrão de vida da família.

Apesar de muita gente usar esse valor para acertar as contas pendentes, é importante ter um olhar mais profundo sobre esse tipo de situação e evitar que se repita no futuro.

“Dinheiro extra não deveria ser utilizado para quitar dívidas, afinal de contas, o correto é planejar e ter compromissos financeiros que caibam no orçamento mensal. Hoje, muitos contam com ele para pagar o que já devem, uma evidência de que gastam mais do que a sua renda permite”, aponta Reinaldo Domingos, Doutor em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira, autor de livros sobre o tema, além de estar à frente do canal Dinheiro à Vista.

Segundo ele, o interessante é que o 13º seja poupado, investido (para render) e destinado para a realização de sonhos de curto prazo (a serem realizados em até um ano), médio prazo (de um a dez anos) e longo prazo (acima de dez anos).

Confira algumas dicas do especialista:

– Quitar as dívidas

Para aqueles que estão endividados e veem esse dinheiro extra como a solução dos problemas, saiba que ele não é. O ideal é que os compromissos financeiros caibam no orçamento financeiro mensal.

13º não é solução dos problemas, ideal é que os compromissos financeiros caibam no orçamento mensal, afirma especialista
13º não é solução dos problemas, ideal é que os compromissos financeiros caibam no orçamento mensal, afirma especialista - Getty Images/iStockphoto

Antes de sair pagando as dívidas, analise todas elas, saiba o total, os juros, os prazos, enfim, reúna todas as informações possíveis. A partir daí, tente renegociar esses valores com o credor e então veja a possibilidade de usar o 13º para quitar uma dívida e resolver o problema.

“A questão principal é que se você tiver muitas dívidas e só puder quitar uma parte de cada uma delas com esse dinheiro, os juros continuam ‘rolando’. Às vezes quitar uma dívida por completo pode ser melhor. Sempre negociando com o credor, eles querem receber e algo é melhor que nada”, explica Ricardo Natali, educador financeiro pela DSOP.

Ricardo indica que as dívidas devemos tentar quitar primeiro são as que tem juros mais altos ou aquelas que tenham como garantia algum bem que corra risco de ser tomado (como um imóvel, por exemplo).

– Compras de final de ano

Muitas pessoas vão utilizar o 13º salário para fazer as compras de final de ano, o que não é errado, desde que isso já tenha sido programado. Uma maneira de fazer isso é escolher uma época do ano (geralmente o início). Se puder inserir as despesas com a ceia de Natal e os presentes já no orçamento financeiro mensal e poupar o 13º inteiramente para os sonhos, melhor ainda.

– Poupar e investir

Há pessoas que estão em uma “zona de conforto”, ou seja, não devem, mas também não poupam. A esses, faço um alerta para que ajam com consciência, pois um passo em falso pode levá-los ao endividamento e até à inadimplência, uma vez que não possuem reserva financeira para se apoiar.

É claro que cada pessoa usa o 13º salário como bem entender e julgar coerente, no entanto, já que não possui dívidas, é importante que se guarde boa parte dele, para começar a formar essa reserva e também para realizar mais sonhos, de agora em diante.

Para os investidores, mesmo que iniciantes, a melhor opção para utilizar o 13º é continuar investindo, tendo sempre um objetivo seja ele qual for.

“A conclusão que podemos tirar é que dinheiro extra é muito positivo quando utilizado com educação financeira”, completa Reinaldo Domingos.