Festivais internacionais de cinema e as produções brasileiras
Mostras são ambiente propício para a divulgação de filmes no exterior
O cineasta brasileiro Gabriel Mascaro não teve tempo para assistir à exibição de seu filme “A onda traz, o vento leva” no 30º Festival Internacional de Cinema de Miami, no início de março. Enquanto a obra era apresentada, o diretor voava de Clermont Ferrand, na França, onde desenvolve um projeto de residência artística, ao Recife, cidade em que vive. Além disso, Mascaro está trabalhando no filme “Bull Down”, em uma coprodução com Holanda e Uruguai.
A residência na França é fruto de sua participação no Festival Internacional de Arte Contemporânea VIDEOBRASIL. Já a produção de “Bull Down” está sendo apoiada pelo fundo de desenvolvimento holandês, parceria firmada durante o 43º Festival Internacional de Cinema de Roterdã. Este breve relato sobre a atribulada agenda de Mascaro permite imaginar como a participação em festivais internacionais pode ser importante para a carreira de um cineasta.
Para o diretor, além da visibilidade, as mostras proporcionam um ambiente rico para o debate. “É muito bacana porque os filmes procuram espaços para dialogar. É bom achar um projeto curatorial consistente, coerente com o seu trabalho. Alguns festivais promovem desdobramentos sobre o filme”, afirma Mascaro.
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O cineasta uruguaio Michael Wahrmann, dono de uma produtora em São Paulo, também vê neste tipo de evento possibilidades para ampliar o alcance de suas obras. Seu longa-metragem Avanti Popolo recebeu o prêmio de melhor filme na competição CINEMAXXI do Festival Internacional de Cinema de Roma do ano passado.
“Meus filmes são de baixo orçamento, independentes, de arte, ou como quiserem chamá-los. E são justamente esses filmes que nos últimos anos têm ganhado espaço nos festivais internacionais”, conta o diretor. “Se dependesse apenas das janelas de exibição no Brasil isso não seria tão efetivo, pois aqui o sucesso do filme ainda se mede só pelo número de bilheteria”, completa.
Assim, filmes brasileiros encontram nas mostras internacionais um campo fértil para se disseminarem e, com o “selo de aprovação” conquistado lá fora, voltam para o Brasil com uma maior predisposição para a aceitação por parte da crítica e do público. “De alguma forma, essa recepção internacional dá um carimbo de qualidade”, afirma Wahrmann.
Dificuldades
Mas não é fácil levar um filme a uma mostra no exterior. Os maiores festivais recebem um grande número de inscrições e os organizadores muitas vezes não conseguem assistir a todos.
Segundo Sara Silveira, dona da produtora Dezenove, que já teve mais de 20 filmes exibidos em festivais internacionais, trata-se de um trabalho constante. “É muito difícil, tem que ter acesso, contatos, saber quem são os responsáveis”, afirma.
Além disso, é necessário saber que mostra é mais apropriada para cada tipo de obra. “Cada filme pede um festival diferente como espaço de conexão com um conceito curatorial, um público específico que frequenta. Já era o tempo de pensar que os grandes festivais são sempre a melhor opção”, opina Gabriel Mascaro.
Apoio
Além dos contatos certos e do trabalho árduo, as produtoras contam com a ajuda da Agência Nacional de Cinema (Ancine) para lançar seus filmes em território estrangeiro. São quatro modalidades de assistência diferentes oferecidas pelo órgão, que envolvem concessão de cópia legendada, envio de cópias e apoio financeiro. O trabalho é feito desde 2006 e contempla anualmente mais de 80 obras. Veja como obter o apoio da Ancine.
Há também o Cinema do Brasil, entidade que apoia financeiramente a distribuição de filmes nacionais nos festivais. A instituição tem parceria com 79 produtoras brasileiras. Saiba como funciona o trabalho do Cinema do Brasil.
Confira a lista de festivais que acontecerão em 2013.
Assista ao curta-metragem “Avós”, de Michael Wahrmann