Precisamos falar sobre a questão de gênero na escola; confira 7 razões
Incluir referências a questões de gênero nas escolas é dar sinal verde para o aprimoramento da qualidade da educação, superação das desigualdades e preconceito, e combate a exclusão escolar. No mês passado, no entanto, as temáticas relacionadas à igualdade de gênero foram retiradas do Plano Municipal de Educação (PME) pela Câmara de São Paulo.
Em um debate que é cada vez mais urgente, ativistas da causa LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) e ativistas dos direitos das mulheres reivindicam que o papel da escola é, sim, discutir gênero e sexualidade. Para os políticos conservadores e entidades religiosas o termo “gênero” pode “deturpar o conceito de família”.
A votação que vai decidir a presença do tema no projeto acontece hoje, dia 11, a partir das 15h. Uma galera que apoia a inclusão já está lá no viaduto Jacareí, em frente à Câmara. Neste evento no Facebook você acompanha o que acontece e pode contribuir tuitando e comentando com a hashtag #VaiTerGêneroNoPMEsim.
Vale lembrar que o PME vai estabelecer as metas a serem cumpridas nos próximos dez anos dentro das salas de aula de todo país – em iniciativa proposta pelo Ministério da Educação (MEC).
Por isso, compartilhamos este texto preciso de Pedro Ribeiro Nogueira, do Portal Aprendiz, com sete razões para se discutir gênero e sexualidade na educação. Confira trechos abaixo e leia o artigo completo aqui.
1. Gênero, sexualidade e identidade de gênero não são criações ideológicas. Eles existem.
A discussão sobre gênero nas políticas educacionais parte de uma falácia cruel: a de que gênero, sexualidade e identidade de gênero são invenções ideológicas. Hoje em dia, é muito comum ver a desqualificação de determinadas visões de mundo como sendo “ideológicas”, ou seja, um ideário sem ancoragem na realidade.
2. Violência contra a mulher está generalizada na sociedade. E na escola também.
Segundo dados do PNAD/IBGE de 2009, 3 em cada 5 mulheres relatam ter sofrido violência dentro de relacionamentos e 56% dos homens se reconhece como agressor em algum momento da vida. Em 2014, o Brasil recebeu 52.957 denúncias de violência contra a mulher. Na última década, cerca de 44 mil mulheres foram assassinadas no país. O Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil mostra que os homicídios de mulheres aumentou 17,2% entre 2001 e 2011, ano em que 4,5 mil mulheres foram assassinadas no Brasil.
3. O mesmo se dá com a violência homo/lesbo/transfóbica.
Ser homossexual ou transsexual no Brasil é um martírio. Desde cedo, qualquer comportamento que fuja do que é considerado “normal” é tratado com desprezo, nojo, violência física e psicológica. Mas a violência vai além: em março deste ano, Peterson Ricardo de Oliveira, 14 anos, morreu após ser espancado em uma escola pública da Grande São Paulo. O motivo? Seus pais eram gays.
4. Violência de gênero e preconceito causam evasão escolar.
“Quando estava na sétima série”, relata o ativista LGBT Bruno Maia, conhecido como Todd Tomorrow, no debate sobre Homofobia nas Escolas, “deixei de ir à escola para evitar a perseguição. Meus pais saíam de casa e eu dava voltas no quarteirão para evitar ir. Fui reprovado e só consegui voltar a estudar quando mudei de colégio”.
5. Não discutir gênero vai contra diversos tratados internacionais assinados pelo Brasil.
Bruno Maia listou, em debate na Câmara dos Vereadores de São Paulo, algumas das dezenas de conferências internacionais, tratados, convenções e acordos que estarão sendo negligenciados caso os Planos Municipais de Educação excluam os termos ligados à gênero, da Carta das Nações Unidas a Declaração dos Direitos Humanos, por exemplo.
6. O machismo impacta o aprendizado e a auto-percepção de meninos e meninas.
A forma como os alunos são avaliados e percebidos pelos adultos impactam fortemente a percepção que têm de si. Embora diversos papéis de gênero sejam passados de geração em geração de maneira explícita, existem preconceitos invisíveis, currículos ocultos da educação.
7. Preconceito não tem nada a ver com religião. Você é que está sendo intolerante.
“É preciso discutir gênero na educação principalmente pelo preconceito que as crianças sofrem em relação à sexualidade e ao machismo. As crianças que demonstram em sua identidade características não convencionais sofrem desde muito cedo, e os meninos também acabam por desenvolver ideias machistas desde cedo”, diz o pastor José Barbosa Júnior.