‘Quero meu cabelo do jeito que ele é’, diz Tatielly, 6, em vídeo
“Aqui, não quero ter cabelo liso, não. Quero ter cabelo cacheado”. A pequena Tatielly, de Parnaíba, no Piauí, tem apenas seis anos e já sabe a importância de valorizar a beleza natural, e não aquela que a publicidade vende como um padrão ideal.
Em um vídeo que foi publicado na página de sua mãe e já ultrapassa as 20 mil curtidas, ela mostra que já entendeu muito bem o que é empoderamento, e ensina que não importa o que dizem que é bonito, e sim como cada um percebe a sua verdadeira beleza.
“Se as minhas amigas disserem ‘ó, mas seu cabelo é cacheado’, eu vou dizer assim ‘meu cabelo é cacheado do jeito que ele é, e eu gosto do meu cabelo cacheado”, diz a menina, entre caras e bocas, brincando com os cachinhos.
Toda a confiança da pequena veio do cuidado de sua mãe, Tatiane Lima, em transmitir para a filha referenciais saudáveis de beleza e autoimagem. “Até 2015, ela não gostava muito da ideia de ter o cabelo cacheado, até porque o meu era alisado e ela me via fazendo chapinha, progressiva. Até que eu decidi abandonar a química porque se ela crescesse me vendo alisando, também ia querer”.
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A fala de Tatiane evidencia a importância de os pais cuidarem para que seu discurso e prática estejam alinhados, o que ajuda a criança a absorver comportamentos de forma natural, e não imposta.
“No começo do ano passado, eu cortei bem pequeno e ela viu meu cachos nascerem. Eu converso com ela e digo que me arrependi de ter alisado e não quero que ela passe por isso. Eu incentivo que ela passe essa mensagem aos coleguinhas, porque na escola tem muito preconceito e eu digo para ela não se importar”.
Assista:
Racismo na infância
Atitudes como a de Tatiane são fundamentais, mas são apenas o primeiro passo na luta contra o racismo na infância. Em entrevista ao Catraquinha, Luciana Bento, autora do blog Mãe Preta, reforça não só o papel da autoconfiança na infância, mas também a empatia de outras famílias que não necessariamente vivenciam a questão. Para ela, “o racismo também é um problema das famílias não negras”.
“Empoderar seus filhos é só o primeiro passo. O empoderamento é uma capa protetora que ajuda a criança negra a lidar com o racismo, mas não é a resposta para todos os problemas. Individualizar os problemas também não é solução”, diz Luciana.
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