Por que falar (ainda mais) sobre igualdade de gênero nas escolas?
“Mas e quando Ana se vê como menino e quer se chamar Diogo? Ou quando Ana gosta de mulheres e se apaixona por Carol? Afirmar que o normal é ser isso ou aquilo violenta e oprime quem não se encaixa nessas normas. Precisamos mudar isso! Há muitas formas de sentir, existir, amar e ser no mundo”
As temáticas relacionadas à identidade de gênero e a importância de discussão sobre o assunto na escola e no ambiente familiar são bastante recorrentes aqui no Catraquinha (clique aqui para ler as matérias que já foram publicadas). E sempre que aparece um novo estudo sobre, é uma nova oportunidade de refletir ainda mais sobre a urgência de levar essa conversa com as crianças, além de defender o papel da escola como promotora de mudanças sociais desde a primeira infância.
Além da ONU Mulheres, que no início deste ano lançou o “Currículo de Gênero”, material que oferece uma grade de aulas para discutir estereótipos, machismo, desigualdade, sexualidade e poder e outras diversas questões ligadas à temática em sala de aula, muitos movimentos, projetos sociais e atores do âmbito da educação e infância também prepararam materiais de subsídio ao combate do preconceito de gênero nas escolas.
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Um deles, gratuito e acessível a quem se interessar pelo assunto, é a cartilha “Por que falar sobre gênero na escola?”, que a Ação Educativa lançou por meio do projeto “Jovens agentes pela igualdade de gênero nas escolas” (JADIG). O material está disponível online – clique aqui para acessar – e pais, mães e educadores podem acessar quando quiserem.
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O material oferece um histórico da violência de gênero no ambiente escolar, e apresenta alternativas de empoderamento para crianças se protegerem contra o preconceito. Entre os tópicos que o documento traz, estão “Buscando respostas para quem somos”, “6 curiosidades sobre a lei Maria da Penha”, “A mídia não é o espelho da realidade”.
Com didatismo e objetividade, a proposta do estudo é discutir desde os pontos mais simples, como a diferença entre opção e identidade, ressaltando a importância de explicar para as crianças desde cedo por que optamos por dizer “orientação sexual” ao invés de “opção”. E a cada informação levantada, há uma alternativa de posicionamento – quem procurar dentro da escola, como se defender, como afirmar identidades.
Entre os dados alarmantes que o material traz, está a sobrecarga da mulher no papel de cuidar da criança, apontando que, no Brasil, há 5,5 milhões crianças estão sem o nome do pai na certidão de nascimento no Brasil¹
Meninos choram, sim!
Outra questão fundamental que se destaca no material é a importância de desestimular comportamentos de estereotipação entre as crianças, evitando tipificações como “meninos não choram” ou “boneca é brinquedo de menina”, que fortalecem não só o machismo, mas criam um ideal de masculino que também aprisiona os meninos em uma falsa ideia de que a força é mais importante que a sensibilidade.
“A masculinidade se opõe ao que é considerado feminino, seja para ficar bem longe dele (“ser bem macho”) seja para dominá-lo (mandar na mulher). Quando meninas brincam de boneca estão aprendendo a cuidar de outro ser. Normalmente, meninos não são estimulados a isso, o que vai ter reflexos em todos os seus relacionamentos, inclusive na maneira de enxergar a paternidade.”
O material termina listando endereços e telefones de locais que oferecem respaldo legal para casos de assédios ligados ao preconceito de gênero e violência contra a mulher na periferia de São Paulo, como delegacias especializadas na causa e centros de discussão e acolhida. Além disso, traz também uma série de livros, filmes, blogs e sites sobre o assunto, para que a informação seja uma arma contra o preconceito.